Uma pesquisa realizada na Escola Politécnica da USP revelou que para haver um planejamento integrado de recursos energéticos de maneira mais sustentável, é preciso incorporar estudos ambientais, políticos, sociais e técnico-econômicos e ser capaz de fornecer recursos para o setor elétrico a um mínimo custo completo. Além disso, para a existência de um planejamento energético abrangente faz-se necessário o envolvimento de equipes multidisciplinares, especialistas em energia, colaboração e treinamento do público e processos bem definidos de avaliação de recursos.
A dissertação de mestrado Arquitetura do Plano Preferencial de Recursos para o Setor Elétrico no Planejamento Integrado de Recursos Energéticos, de Flávio Minoru Maruyama, apresentada à Poli/USP, propõe uma metodologia alternativa para o planejamento energético, que, visando ao desenvolvimento sustentável, considera, de forma equilibrada, impactos nas esferas ambientais, políticas, sociais e econômicas.
Um dos grandes desafios que a maioria dos países deverá enfrentar nas próximas décadas relaciona-se com a questão do fornecimento de energia. O aumento da população previsto para os próximos anos, o consequente acréscimo no consumo de energia e a demanda cada vez maior por um aproveitamento mais sustentável dos recursos naturais são fatores que fazem com que seja necessário diversificar a matriz energética e planejar de maneira estratégica a oferta e o consumo de recursos para o setor elétrico.
O consumo de energia é a causa principal dos impactos ambientais. Como explica o autor, a queima de combustíveis fósseis corresponde à maior fonte de emissão de gases estufa e, em 2010, chegou a representar 81% da energia primária consumida no mundo. De acordo com projeções, até o ano de 2035, o consumo de energia vai crescer 84% em relação ao ano de 2008, e, como ressalta Maruyama, “a fração de eletricidade no mundo proveniente de combustíveis fósseis se manterá em 63%”.
Planejamento muito além do mínimo custo
O setor elétrico é fundamental para o desenvolvimento de um país e tem ligação direta com o crescimento econômico e com a qualidade de vida da população. Contudo, a dissertação esclarece que o planejamento energético não deve ser baseado apenas em custo financeiro reduzido, visto que isso pode causar uma série de desequilíbrios socioambientais, mas deve levar em consideração outros fatores e interesses. “A filosofia apresentada não busca o mínimo custo referido momentaneamente, mas uma série de decisões e combinações, distribuídas ao longo do horizonte de planejamento”, explica Maruyama.
Nos países desenvolvidos, nota-se uma intensa preocupação com os programas de eficiência energética, com a diversificação da matriz e com os recursos alternativos. Nos países em desenvolvimento, o custo mínimo no fornecimento de energia ainda é o mais importante, apesar de muitos já terem manifestado esforços na busca por um equilíbrio, principalmente no que diz respeito ao campo ambiental.