ISSN 2359-5191

03/12/2013 - Ano: 46 - Edição Nº: 110 - Saúde - Universidade de São Paulo
Suplementação nutricional pode atenuar perda muscular em idosos
Uso dos simbióticos, combinação que atua no intestino, está sendo testado para este fim em pesquisa
Foto: Marcos Santos | USP Imagens

Em busca de melhorar a qualidade de vida de idosos, um grupo de estudos que engloba diversas unidades da USP se propõe a descobrir meios de atenuar a perda muscular típica desta fase da vida. Em seu mestrado, o gerontólogo João Valentini Neto, sob orientação da professora Sandra Maria Lima Ribeiro, está estudando o uso de substâncias simbióticas nessa perspectiva. “A gente quer uma forma não medicamentosa de fazer isto, porque já é bastante comum o idoso tomar muitos medicamentos”, explica ele.

Os simbióticos regulam a microbiota intestinal, pois combinam probióticos, bactérias necessárias ao intestino e prebióticos, carboidratos e fibras que são fonte de energia para que elas cheguem ao intestino e lá exerçam sua função. A escolha de substâncias probióticas foi baseada na hipótese de que a inflamação sistêmica — típica do envelhecimento — pode ter início no intestino, e consequentemente essa inflamação pode ser um risco à perda muscular. Assim, o estudo de Valentini Neto, no Programa de Pós-Graduação em Nutrição Humana Aplicada, da USP, testa esta suplementação de simbióticos durante 6 meses em cerca de 50 idosos, dos quais metade, um grupo controle, faz uso de placebo.

Um estudo-piloto semelhante já foi feito no TCC de Valentini Neto, no curso de gerontologia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP. A grande diferença foi o período desta suplementação, de apenas 3 meses. Além disto, a pesquisa de mestrado inclui também novas variáveis para análise, como a nutricional e o nível de atividade física. Ainda na graduação, ele constatou que os simbióticos foram capazes de manter as propriedades elétricas dos tecidos, o que está relacionado com a preservação da massa corporal.

Para que o número de desistentes seja menor, o estudo em andamento está sendo feito em três etapas, cada uma com um pequeno grupo de idosos. Os participantes foram recrutados no Centro de Saúde Escola Geraldo de Paula Souza da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, e precisaram atender aos critérios de inclusão, que eram não fazer uso recente de antibióticos, não usar substância probiótica, prebiótica, simbiótica ou laxantes e não apresentar doença intestinal. Além disto, Valentini Neto optou por estudar idosos que estivessem em risco de fragilidade, ou seja, que atendessem a um ou dois dos critérios de fragilidade. São eles a lentidão ao caminhar, a exaustão psicológica, a perda de peso não-intencional, o baixo nível de atividade física e a baixa força de preensão manual.

Com o intuito de analisar minuciosamente o efeito da suplementação dos simbióticos nos idosos, são feitos diversos tipos de exames que podem mostrar como está a saúde dos participantes antes e depois do período de seis meses. Anterior ao início do tratamento, são feitas uma coleta de sangue, exames de antropometria, bioimpedância elétrica e um raio-x de dupla energia, que analisam a composição corporal dos pesquisados. Este parâmetro mede, em geral, a proporção de gordura corporal e massa muscular no corpo, bem como outros componentes. Além disto, eram aplicados questionários sobre o nível de atividade física, a alimentação e o funcionamento intestinal dos idosos. A cada mês, são repetidos os exames de força e de bioimpedância e, ao final do estudo, todos os testes são feitos novamente.

“A gente teve sorte que não foram muitos que desistiram”, explica o gerontólogo, que concluiu, no início de outubro, os estudos com o primeiro grupo de idosos. A pesquisa faz parte de um projeto maior, do grupo de estudos de Nutrição, Atividade Física e Processos de Envelhecimento. Além dele, há Angélica Marques de Pina Freitas, que testa a suplementação de nutrientes como outro tipo de estratégia nutricional para a atenuação da perda muscular nos idosos e a inflamação sistêmica.

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