ISSN 2359-5191

03/12/2013 - Ano: 46 - Edição Nº: 110 - Sociedade - Instituto de Psicologia
Passado de crianças adotadas é ignorado pelos pais
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Segundo o Cadastro Nacional da Adoção (CNA), mais de 5 mil crianças estão aptas para serem adotadas. Cerca de 30 mil pessoas se dispõem a serem as famílias dessas crianças, candidatando-se a um processo complexo que é compreendido de maneiras distintas pela justiça, pelos advogados e pelos interessados em adotar. Esses diferentes pontos de vista a respeito da filiação adotiva são o objeto de estudo da dissertação de mestrado A adoção e o adotável: do desbotar da memória à (des)construção da filiação, que revela que os passado das crianças adotadas é desconsiderado pela maioria dos pais adotivos.

De autoria de Jéssica Mara Oishi e elaborada no Instituto de Psicologia (IP) da USP, a pesquisa revela que a adoção, em grande parte dos casos, constitui-se como um processo em que o passado e a memória da criança são considerados como elementos negativos, sobre os quais, muitas vezes, há o entendimento de que deveria se “passar uma borracha”. Em outras situações, há, inclusive, a compreensão de que o adotável é alguém desprovido de concepções, uma pessoa que só irá desenvolver as suas impressões a respeito do mundo e de si mesmo só a partir do momento em que dispor do convívio com a nova família.

Outro destaque do estudo elaborado no IP está na importância que o Poder Judiciário adquiriu no processo de adoção, uma vez que cabe a ele a decisão de escolher se uma pessoa poderá ou não obter a guarda de uma criança. Durante muito tempo, grande parte desse processo de escolha ficou a cargo dos pais biológicos e dos pais adotivos, porém, a partir da criação do CNA pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), no ano de 2008, a justiça ganhou uma base que, ainda que marcada por um processo burocrático, visa à garantia da proteção da criança.

Para desenvolver a dissertação, Jéssica adotou o método de Análise Institucional do Discurso (AID) para estudar o conteúdo das entrevistas que realizou no processo da pesquisa. Entre os entrevistados, estão pessoas diretamente envolvidas no processo de adoção, como juízes, promotores, pessoas interessadas em adotar, uma assistente social e uma psicóloga. Além disso, também houve a leitura obras a respeito da formação da sociedade e do indivíduo, de autores como Michel Foucault, e uma profunda análise da constituição brasileira no tocante à questão da adoção.


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