A disciplina Introdução à Interação Humano-Computador, do Instituto de Matemática e Estatística da USP (IME/USP), tem uma proposta diferente. Organizada e ministrada pelo professor Carlos Hitoshi Morimoto, nela os alunos da graduação e da pós-graduação desenvolvem protótipos de softwares que auxiliem pessoas com dificuldades nos movimentos em suas atividades. "Neste semestre, pela primeira vez, fizemos uma espécie de feira aberta ao público para que os grupos apresentassem seus projetos", conta Morimoto.
A aula em que os alunos expuseram seus projetos foi aberta ao público e contou com a presença de uma criança com deficiência física para testar os softwares. Arthur tem limitações na fala e nos movimentos, o que permitiu que os alunos pudessem ver o que estava adequado e o que não estava nos seus programas. Além disso, ao longo do desenvolvimento, os grupos ouviram dicas de uma fisioterapeuta para que projetassem protótipos adequados ao uso de deficientes.
A grande maioria dos protótipos apresentados utiliza a técnica de varredura de tela, na qual as opções mudam automaticamente e só é necessário um clique no momento em que a função desejada estiver em evidência na tela para selecioná-la. "Isso ajuda porque a pessoa que tem dificuldade só precisa dar um clique", explica o aluno Daniel Miranda, responsável pelo projeto Dynamic Picture Communication Symbols, no qual deficientes com problemas na fala podem montar frases para comunicar suas vontades.
Além dos programas que funcionam com a varredura de tela, havia um programa chamado Almeje, no qual a interface se baseia no olhar. Nele, o usuário utiliza uma espécie de armação de óculos com uma câmera que aponta para o olho direito e capta a direção do olhar, permitindo que o clique seja feito sem nenhum movimento das mãos.
Foram apresentados, além do Dynamic Picture Communication Symbols e do Almeje, mais quatro protótipos pelos alunos. O GammaMenu, no qual há jogos simples que podem ser comandados com apenas um clique, o ToMat, que auxilia crianças de três a seis anos a adquirirem conhecimentos matemáticos de forma lúdica e também sem muita complexidade nos movimentos exigidos do usuário, o Comunicando, que ajuda crianças com dificuldades na fala a passarem mensagens de forma autônoma, e o Palavras e Sons, que auxilia na alfabetização de crianças com limitações físicas.