ISSN 2359-5191

07/07/2014 - Ano: 47 - Edição Nº: 37 - Ciência e Tecnologia - Escola de Comunicações e Artes
Pesquisa estuda o fenômeno do cinegrafista amador
Estudo busca entender o que representam as imagens anônimas em uma sociedade cada vez mais vigilante

Quando um tsunami atingiu a costa nordeste do Japão em 2011, dezenas de vídeos feitos no momento da catástrofe foram postados no YouTube. Os smartphones ainda nem haviam sido inventados em 2001, mas imagens da colisão entre os aviões e o World Trade Center foram vistas pelo mundo inteiro. Sejam retratando manifestações de rua ou desastres naturais, sejam obras de amadores ou de dispositivos de vigilância, as filmagens anônimas atualmente ocupam um espaço cada vez maior nos meios de comunicação.

O pesquisador Felipe Polydoro, em sua tese de doutorado junto ao Programa de Pós-Graduação em Meios e Processos Audiovisuais da Escola de Comunicações e Artes (ECA/USP), tomou tais vídeos como objeto de estudo: a câmera trêmula, a baixa resolução, a captação do evento na sua própria duração, a surpresa ante o inesperado, a suposta neutralidade do sujeito que grava. "A importância da pesquisa está em lidar com um objeto midiático de disseminação bastante recente e, por isso, ainda carente de análises mais aprofundadas", ele justifica. "Em certo sentido, eu busco compreender uma imagem nova, que é parte de um contexto midiático em franca transformação."

O objetivo é analisar as gravações em seu formato original, e não da maneira com que são apropriadas por outros meios de comunicação. O fenômeno em que noticiários de televisão e filmes fazem uso de vídeos amadores se dá graças ao seu papel fundamental na elaboração de narrativas, relatos e representações da realidade. O telejornalismo, no entanto, é dinâmico demais para esperar que os acontecimentos se desenrolem por si mesmo e acaba fazendo intervenções e cortes. Já longas como Atividade Paranormal, por exemplo, apesar de usarem o recurso de câmeras amadoras para dar o efeito de real, são obras ficcionais.

Em tempos de manifestações populares, confronto com o poder vigente e mídias alternativas, a pesquisa investigará  quais os apelos e demandas que levam à produção, circulação e consumo desses testemunhos visuais – e o que estes revelam sobre os processos contemporâneos de construção de subjetividade. A partir da análise de vídeos disponíveis no YouTube e em outros sites de armazenamento de imagens, o estudo procurará elucidar todas as repercussões que as cenas amadoras têm, desde a crescente produções de reality shows, ao boom dos documentários e na pornografia supostamente caseiras.

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