ISSN 2359-5191

28/08/2014 - Ano: 47 - Edição Nº: 47 - Sociedade - Escola de Comunicações e Artes
Facebook mostra incoerência quanto à censura de imagens postadas
Rede social permite mulheres em poses eróticas, mas tira do ar fotos de amamentação
"O Nascimento de Vênus”, de Botticelli, já foi retirada do ar pelo Facebook.

O Facebook possui 1,23 bilhão de usuários. A maior rede social do mundo é usada todos os dias para o envio de mensagens, o compartilhamento de fotos, a veiculação de notícias e diversas outras formas de comunicação. À primeira vista, o território virtual parece um paraíso para a democracia e a livre expressão. Mas a realidade não é bem assim: no passado, o site já chegou a censurar fotos de mães amamentando seus bebês.

O estudante de jornalismo Wilheim Rodrigues recebeu nota máxima em seu trabalho de conclusão de curso apresentado para o Departamente de Jornalismo e Editoração (CJE) da Escola de Comunicações e Artes (ECA/USP). Intitulado Facebook: Casos de censura no Brasil, seu propósito foi traçar um panorama de casos de remoção de conteúdo por parte da empresa de Mark Zuckerberg.

A descoberta foi surpreendente. Enquanto piadas com estupro e garotas em poses eróticas circulavam livremente pela rede, fotos de mulheres africanas com os seios à mostra e até quadros famosos com nudez artística eram vetados e considerados como conteúdo impróprio. Wilheim defendeu a ideia de que existe uma ideologia política que sustenta essas censuras.

Fundado por Zuckerberg e por três colegas seus da Universidade de Harvard, o Facebook foi inicialmente expandido para as faculdades da Ivy League, grupo das melhores universidades dos EUA. Sua história, portanto, mostra que ele não nasceu com o propósito de ser uma ferramenta aberta e global de diálogo, mas, sim, restrita a um grupo específico.

Ainda assim, o site tornou-se um canal mundial de organização em lutas a favor de mudanças políticas e sociais, como se observou na Primavera Árabe e nas manifestações de junho de 2013 no Brasil. Apesar de usado como uma mídia alternativa, o site desde sua origem é regulado de acordo com um conjunto de regras julgadas pelos dirigentes do serviço, sem participação dos usuários.

Segundo a pesquisa, essa unilateralidade, que nada tem de democrática, se reflete na incoerência em relação à censura de imagens. Grupos têm se organizado para denunciar e rechaçar essa atitude no Dia da Manifestação do Nu no Facebook. Eles se respaldam na Declaração Universal dos Direitos Humanos e na Constituição da República Federativa do Brasil, ambas garantindo que as manifestações de pensamento não devem sofrer interferência. Junto a isso, o trabalho de Wilheim mostra que essa delineação incerta sobre o que é ou não pornografia é só parte do problema representado pelo oligopólio das mídias.

Leia também...
Nesta Edição
Destaques

Educação básica é alvo de livros organizados por pesquisadores uspianos

Pesquisa testa software que melhora habilidades fundamentais para o bom desempenho escolar

Pesquisa avalia influência de supermercados na compra de alimentos ultraprocessados

Edições Anteriores
Agência Universitária de Notícias

ISSN 2359-5191

Universidade de São Paulo
Vice-Reitor: Vahan Agopyan
Escola de Comunicações e Artes
Departamento de Jornalismo e Editoração
Chefe Suplente: Ciro Marcondes Filho
Professores Responsáveis
Repórteres
Alunos do curso de Jornalismo da ECA/USP
Editora de Conteúdo
Web Designer
Contato: aun@usp.br