ISSN 2359-5191

08/09/2014 - Ano: 47 - Edição Nº: 54 - Saúde - Faculdade de Medicina
Diagnóstico precoce de problemas de audição é aliado para tratar problemas no desenvolvimento da linguagem

Muitas crianças que possuem dificuldades de falar e escrever corretamente, além de possuírem trocas de letras ou sílabas na fala, não possuem uma causa médica que as justifique. A partir disso, a pesquisadora Tatiane Faria Barrozo realizou um estudo para verificar o desempenho de crianças que sofrem desse transtorno fonológico, pensando em inconsistência de fala e habilidades metafonológicas, que são, em termos gerais, o reconhecimento de palavras e seus segmentos, como sílabas e rimas, e diferenciação entre elas.

Os pontos de análise da pesquisa foram observados em função de dois fatores principais. Primeiramente da presença do histórico de otite media, que é uma inflamação, podendo causar ou não dor, com secreção na orelha média. O problema é que se o som percebe algum impedimento auditivo, ele perde frequência e duração, o que significa que a criança pode estar ouvindo de forma incorreta. “Por exemplo, tem sons que são muito parecidos, como p, b, t, d. Então se tem uma perda da informação, a criança pode confundir”, explica Tatiane. Já o Processamento Auditivo Central (PAC) é o responsável por tudo que acontece com o sistema auditivo quando recebe algum estímulo sonoro externo. É o responsável pela organização sonora, descriminação auditiva e pelo processamento do estimulo.

Fizeram parte desta pesquisa 21 crianças com idades entre 7-9 anos com diagnóstico de transtorno fonológico. As análises seguiram três diferenciações: as medidas fonológicas, a ausência ou presença do histórico de otite média e, por fim, com a ausência ou presença da desordem do PAC. Essas crianças foram analisadas de acordo com as habilidades fonológicas, o que significa, por exemplo, reconhecer que uma palavra termina igual a outra. “Então, bola termina igual escola. Bola começa igual boneca. A criança tem que fazer essa identificação”, diz Tatiane. Essa habilidades fazem parte do processamento cognitivo linguístico, que é o que acontece com a informação auditiva. Tatiane quis perceber se o cognitivo linguístico dessas crianças estaria alterado também por causa do processamento auditivo. No caso do estudo, foi pedido para que as crianças identificassem quais as palavras que começavam iguais e diferentes, e quais terminavam iguais e diferentes.
Tatiane fala que, com seu estudo, não conseguiu definir a questão da otite, pois os resultados demostraram não haver diferença significativa para nenhuma das variáveis estudada. Um ponto importante que pode definir foi conseguir, através de um estudo estatístico, um valor que mostra que as crianças com transtorno fonológico com idade a partir dos sete anos e com o resultado de um dos exames feitos, o Process Density Index, acima ou igual a 0.54, tem fortes chances de ter alterações no PAC.

Essa identificação é muito bom clinicamente, conta Tatiane, porque é possível ver o resultado e encaminhar a criança com mais agilidade para o exame de PAC. Para que cada criança tenha um planejamento especifico e mais adequado possível e, caso a criança não tenha condições de realizar o exame por ser de alto custo, na própria terapia é possível realizar atividades para auxiliar. “É possível trabalhar na terapia com objetivo de melhorar o prognóstico da criança. Dessa forma já encaminhando o tratamento de forma mais especifica para o caso de cada criança”, afirma a pesquisadora.

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