A estimativa de idade em crianças e adolescentes já foi bastante explorada pela ciência e possui, portanto, técnicas com ótimos resultados. A troca de dentição, e o desenvolvimento dentário são fatores que facilitam os estudos nesta faixa etária. Quando é necessário, porém, verificar o tempo de vida de um adulto, os métodos são ainda pouco efetivos e possuem uma margem de erro muito maior.

Alana de Cassia Silva Azevedo, aluna de doutorado da Faculdade de Odontologia da USP dedicou seu mestrado a esse tema sob a orientação da profª. Maria Gabriela Haye Biazevic. Aplicando um mecanismo desenvolvido por Roberto Cameriere, docente da Universidade de Macerata (Itália), a pesquisadora estimou a idade de 443 indivíduos adultos.

A técnica é simples e não destrutiva. É necessária uma radiografia que proporcione a visualização da coroa e raiz do dente e seja de simples obtenção, como a periapical,. Com ajuda de um software de edição de fotos, como o Photoshop, é possível selecionar a polpa do dente e separá-lo do restante da imagem. Verificando as medidas, em pixel, dessa fração aplica-se uma fórmula cujo resultado é a idade aproximada do paciente.

A diferença da população do Brasil e da Itália (para a qual o método foi desenvolvido) não deve ser ignorada, por isso, foi elaborada uma equação específica para brasileiros. Alana explica que, com base nos dados coletados por ela e por meio de um programa estatístico, foi possível gerar uma nova equação, cuja aplicação traz melhores resultados.

O material utilizado em sua pesquisa foi coletado a partir de um acervo de radiografias. Neste trabalho, foi fundamental que o dente estivesse íntegro. Imagens de pacientes que utilizavam aparelho ortodôntico ou tenham feito procedimentos como canal, restauração e prótese foram eliminadas, uma vez que não eram claras ou poderiam adulterar o tamanho da polpa.

Além disso, os dentes avaliados foram os quatro caninos. Por possuírem apenas uma raíz (uniradicular), a aplicação da técnica é mais fácil e os resultados, mais apurados. Alana, além de avaliar as radiografias individuais, fez também associações. Relacionando os dois caninos do lado direito ou do lado esquerdo, obtém-se resultados melhores do que na aplicação de métodos isolados.

O estudo dividiu as radiografias em grupos de idades a partir dos 20 anos. Nas últimas duas classificações, de 60 a 69 anos e de 70 ou mais, a pesquisadora não conseguiu um número de amostras igual aos outros. Justifica-se com os dados de uma geração que foi acometida pela odontologia mutiladora, onde extrações eram a saída mais fácil e, portanto hoje, já não possuem mais a dentição própria, fazem uso de próteses.

Vários setores públicos de identificação podem ser beneficiados com o aprimoramento dessa técnica. A estimativa de idade em adultos é fundamental para casos como, por exemplo, de imigrantes que chegam ao Brasil sem documentação, ou mesmo brasileiros que não conseguem um registro civil durante a infância.