ISSN 2359-5191

20/10/2014 - Ano: 47 - Edição Nº: 73 - Saúde - Faculdade de Saúde Pública
Jovem também quer ser ouvido sobre sexo
Falta de diálogo faz com que eles não absorvam informações sobre assunto e corram riscos
Reprodução

As informações sobre doenças sexualmente transmissíveis, importância do uso da camisinha e controle da gravidez não chegam ao jovem de forma consistente. É o que concluiu um estudo da Faculdade de Saúde Pública da USP, produzido por Ludmila Ramos Carvalho. Sua intenção era saber se os jovens possuem noção da importância do uso da camisinha, tanto para prevenção da gravidez quanto das DSTs. Nesse processo, Ludmila acabou percebendo também a existência de uma  falha de comunicação entre os órgãos de saúde, a escola e o jovem, que acaba correndo riscos por não ter o suporte necessário para levar uma vida sexual segura.

 

“Falta comunicação”

Ludmila constatou que existem muitas pesquisas e estatísticas para analisar o comportamento sexual do jovem. No entanto, os profissionais responsáveis por dar a orientação e fornecer conhecimento para eles, não costumam ouvir suas dúvidas e sugestões sobre o assunto. “Os profissionais estão em contato com adolescentes tanto na escola quanto na área da saúde, mas não estão preparados para isso. Muitos deles tem preconceito e julgam suas práticas”, afirma Ludmila. Desse modo, as informações recebidas acabam não dialogando com os jovens, impactando-os. A forma de relacionamento entre os lados possui algum problema.

Muitos jovens entrevistados por Ludmila comentaram que o conhecimento passado para eles chega através de campanhas - como a que incentiva o uso de camisinha durante o carnaval -, palestras em postos de saúde e na escola. No entanto, não há continuidade no fluxo de informações que são recebidas: as palestras e campanhas costumam ser pontuais, e isso não causa influência em sua vida sexual.

A falta de um espaço para conversar com os jovens é um grande problema. Nem a escola nem o posto de saúde são lugares procurados na hora de obter informações. Em casa, a abertura para falar sobre esse assunto quase não existe, ou é bem tardia. Ludmila sugere que na escola, por exemplo, o tema sexualidade poderia ser abordado em todas as disciplinas, desde análise de dados em matemática até prevenção da gravidez em biologia. “Quanto mais naturalmente o tema for discutido, melhor, pois quebra a ideia desse tema ser um tabu”, afirma Ludmila.

Ela também afirma ter ouvido ótimas sugestões dos próprios adolescentes entrevistados, sobre como a comunicação à respeito da sexualidade poderia ser melhor absorvida por eles. “Ao longo da nossa conversa eles perguntavam, eles tem interesse, isso surgia na própria entrevista”, conta Ludmila. Isso mostra que o distanciamento entre o jovem e a discussão consciente sobre sexo pode ser revertida, é possível despertar esse interesse mas é preciso ouvir o que eles têm a dizer.


Comportamento

A falta de informações sólidas se reflete de modo negativo na vida sexual dos adolescentes. Algumas meninas afirmam ter sido pressionadas pelos parceiros para não usarem camisinha durante a relação sexual.  Ludmila também ouviu de muitos adolescentes que é frequente o uso da pílula do dia seguinte como método para prevenir a gravidez. Essas práticas, tão prejudiciais à saúde, são só alguns exemplos dos perigos que o adolescente corre por não participar de um diálogo mais consistente à respeito da prevenção das DSTs e da gravidez.

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