ISSN 2359-5191

20/10/2014 - Ano: 47 - Edição Nº: 73 - Saúde - Faculdade de Odontologia
Análise de tomografias facilita o reconhecimento de pessoas
A precisão das medidas conseguidas na análise é milimétrica

A reconstrução facial é uma técnica que auxilia no reconhecimento de indivíduos através da determinação de aspectos da face de uma pessoa a partir de um crânio. Ainda é pouco explorada pelos órgãos responsáveis, como a Polícia Científica, devido a certa resistência na apropriação de um método que é bastante técnico e exige razoável habilidade.

Há algum tempo, profissionais da área de odontologia têm empenhado seus estudos para desenvolver mecanismos de fácil manuseio. O objetivo é tornar o reconhecimento de desaparecidos mais rápido e efetivo, uma vez que será feito a partir de dados científicos. Ainda hoje, é comum que roupas, tatuagens e outras marcas sejam utilizadas para confirmação de identidade, situação em que conta-se com a memória de alguém próximo o que, além de ser subjetivo, é também suscetível a adulteração.

Foi a partir desta questão que Thiago Leite Beaini desenvolveu sua tese de doutorado pela Faculdade de Odontologia da USP. Na pesquisa, o cirurgião-dentista procura desenvolver uma técnica que auxilia no processo de reconstrução facial, facilitando sua aplicação com embasamento teórico e, por consequência, diminuindo a margem de erro.

Grande parte das técnicas de reconstrução facial se baseia em profundidade de tecidos moles, como pele e músculos, em pontos conhecidos da face. Aplicando essa quantidade de tecidos sobre um crânio sem identificação presumida (seco), é possível fazer uma estimativa do aspecto físico do rosto que esse indivíduo tinha em vida.

Com o auxílio de um exame que permite a visualização da face inteira e a profundidade dos tecidos moles da região (tomografia computadorizada de feixe cônico, ou Cone Beam), é possível mapear 32 ou mais pontos do rosto.

Os trabalhos produzidos até então eram obtidos através de metrificações feitas diretamente em cadáveres deitados em macas, logo, sob o efeito da gravidade. O fato do pesquisador ter de aguardar pela chegada de um indivíduo no IML (Instituto Médico Legal) ou mesmo as alterações que os tecidos moles sofrem de acordo com a situação do corpo (enrijecimento, ação da água e outros fatores externos) são aspectos que comprometem o estudo e limitam o número de análises. Fazendo uso da tomografia cone beam, isso não acontece. Para avaliar a técnica e traçar os pontos, pode-se utilizar um exame realizado em um indivíduo vivo e sentado, o que possibilita uma maior quantidade de casos e aplicações.

Com a pesquisa, Thiago procurou medir os parâmetros de tecidos moles em brasileiros.  Assim, proporcionou aos profissionais da área novas especificações e particularidades descobertas pelo estudo na hora de fazer a reconstrução facial. Seguindo os padrões estabelecidos, o reconhecimento de indivíduos é mais efetivo.

A maior dificuldade do trabalho, segundo ele, foi justamente o tempo empenhado para a obtenção das 3.200 medidas individuais necessárias para a avaliação de 100 crânios. A habilidade em localizar ou mesmo agrupar os pontos, porém não foi um problema. “Elaboramos um protocolo para que eu e qualquer outro profissional que tiver um pouco da experiência de anatomia de face conseguisse localizar esses pontos e fazer as mensurações”, afirma. Desde o início, a preocupação em difundir a técnica e torná-la acessível foi uma das principais metas do pesquisador.

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