ISSN 2359-5191

01/12/2014 - Ano: 47 - Edição Nº: 91 - Educação - Faculdade de Educação
Pesquisa coloca formação de professores universitários em debate
Educadora questiona mito de que ser bom pesquisador é suficiente para ser bom professor universitário

A educadora Cinthia Gonçalves de Assunção pesquisou em seu mestrado os prós e contras do Programa de Aperfeiçoamento de Ensino (PAE) na formação de professores universitários da Universidade de São Paulo (USP), entre os anos de 2010 e 2013.

O PAE existe com diferentes nomes em outras universidades do país e é o programa voltado para os alunos de pós-graduação que têm interesse em adquirir conhecimentos pedagógicos e ter uma preparação voltada para as questões de ensino. Ele é de caráter obrigatório em apenas alguns casos na Universidade de São Paulo e é separado em duas etapas: uma de apresentação de conceitos pedagógicos e outra de estágio supervisionado por um docente da Universidade.

A motivação de Cinthia veio de um questionamento que ela fez durante sua própria pós-graduação: “Quando eu entrei na pós, foi uma surpresa descobrir que o professor universitário não tinha uma formação específica para isso”. A pesquisadora ainda explica: “Os programas de pós-graduação priorizam a pesquisa. Os aspectos relacionados à formação pedagógica geralmente são deixados de lado”.

Cinthia destaca: “Existe esse mito de que só ser um bom pesquisador basta para ser um bom professor”. E depois complementa: “A pesquisa é muito relevante para a formação do professor universitário. Mas ela é tão importante quanto também essas bases e saberes didádicos e pedagógicos para que ele consiga conduzir uma sala de aula no futuro”.

Para realizar a pesquisa, Cinthia analisou relatórios de pós-graduandos e entrevistou pessoas que passaram pelo PAE. Os resultados obtidos variaram: “[Os alunos entrevistados] trouxeram algumas contribuições da primeira etapa [de embasamento teórico], mas enfatizaram a grande contribuição do programa foi o estágio supervisionado”.

De acordo com a pesquisadora, os entrevistados afirmaram que a primeira etapa do programa apresenta falhas. Isso porque ela é feita em apenas um semestre, com um encontro semanal e em forma de palestras para grandes grupos, o que dificulta a apreensão de conceitos e a explicação de possíveis dúvidas.

A etapa de estágio supervisionado foi mais elogiada pelos pós-graduandos, mas Cinthia afirma que dependia também do docente que o aluno estava acompanhando: “Se o professor tem uma prática didática de fazer com que o aluno sente e escute, esse momento do estágio não se torna tão enriquecedor quanto o daquele aluno onde o professor possibilita que ele discuta e participe das aulas”.

A pesquisadora ainda destaca a importância do programa: “Dentro de um campo onde historicamente há essa preocupação em priorizar a pesquisa em detrimento das questões de ensino, o PAE tem então uma grande relevância, embora a gente encontre alguns limites no programa”.

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