ISSN 2359-5191

31/08/2015 - Ano: 48 - Edição Nº: 85 - Saúde - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz
Subprodutos descartados da uva podem beneficiar a saúde
Pesquisa mostra que estes possuem antioxidantes naturais, que poderiam substituir produtos sintéticos usados na indústria de alimentos
Foto: Reprodução

O setor vinícola mundial descarta, a cada ano, aproximadamente 20 milhões de toneladas de subprodutos. No Brasil, estes equivalem a 30% da quantidade total de uvas vinificadas. Esse grande aglomerado de resíduos sólidos, além de prejudicar o meio ambiente, deixa de ajudar a população. Isso poderia ocorrer no sentido de reutilizar esses materiais, que são fontes naturais de antioxidantes, nas indústrias alimentícia e farmacêutica.  

Pesquisa recente realizada na Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiróz” da Universidade de São Paulo (Esalq - USP) analisou o potencial antioxidante do bagaço e do engaço dos frutos, dois dos principais subprodutos gerados na produção de vinho. O objetivo foi testar formas mais eficazes de otimizar a retirada dos componentes antioxidantes desses materiais. Os estudos foram feitos pela pesquisadora Priscilla Melo e analisaram os subprodutos de três variedades de uvas produzidas e vinificadas em Petrolina, Pernambuco.

Os componentes antioxidantes presentes nesses subprodutos são responsáveis, no organismo, por desativar os radicais livres, inibindo o processo de oxidação. O organismo humano possui antioxidantes próprios, que mantêm a proporção de radicais livres equilibrada. O problema acontece quando a quantidade de radicais livres aumenta muito e os antioxidantes do organismo são incapazes de equilibrá-los. Nesse caso, o consumo de componentes antioxidantes se torna necessário.

“Alguns fatores, como estresse, consumo de medicamentos, fumo, exposição UV, entre outros, podem desencadear um aumento na produção de radicais livres, produzindo um excesso destes no organismo, uma condição chamada de estresse oxidativo. Nessa situação, os radicais livres podem causar danos moleculares e celulares e, como consequência,  contribuir para o envelhecimento precoce, doenças neurodegenerativas, cardiovasculares, entre outras. Assim, o consumo de antioxidantes, a partir da dieta, pode ter um papel importante, uma vez que auxilia no aporte antioxidante do organismo”, explica Priscilla.

Além desse aspecto, os antioxidantes são muito importantes também na indústria alimentícia, evitando a oxidação dos alimentos e, portanto, a perda de qualidade nutricional e sensorial dos mesmos. A indústria utiliza, porém, antioxidantes sintéticos que possuem segurança alimentar e nutricional questionáveis. A extração de antioxidantes de fontes naturais é um caminho possível para solucionar essa questão, e os subprodutos da uva se encaixam perfeitamente nessa situação, junto com outros subprodutos agroindustriais.

Durante a pesquisa, chegou-se a algumas condições específicas que otimizam a extração desses compostos antioxidantes dos subprodutos em questão. Priscilla conta que mais estudos de aplicação desses antioxidantes naturais em produtos alimentícios ou da indústria farmacêutica ainda precisam ser realizados, mas que sua atividade antioxidante já foi verificada.

Reutilizar subprodutos atualmente descartados pode ser uma forma muito eficaz de ajudar o meio ambiente, bem como a saúde dos consumidores. Sobre a viabilidade econômica da extração dos componentes antioxidantes, a pesquisadora conclui: “considerando que esses materiais são, em sua maior parte, resíduos sólidos das indústrias alimentícias, de nenhum ou muito baixo valor agregado, e que estudos para a otimização do processo de extração foram feitos usando solventes de baixo custo, acredito que o processo seja viável”.


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