ISSN 2359-5191

25/02/2016 - Ano: 49 - Edição Nº: 20 - Ciência e Tecnologia - Escola Politécnica
Interface para tetraplégicos controla dispositivos através do movimento labial
Produto de baixo custo desenvolvido por pesquisador da Escola Politécnica reduz desvantagens causadas pela deficiência
Criador do dispositivo testa protótipo. Foto: Marcelo Archanjo José.

A cadeira de rodas motorizada é um instrumento de mobilidade para pessoas que perderam ou nasceram sem essa capacidade. Atualmente, é possível controlar computadores e aparelhos eletrônicos por meio dos sistemas de controle mais sofisticados, mas uma importante questão permanece sem resposta: quando o usuário não está na cadeira de rodas motorizada repleta de tecnologia, o que ele consegue controlar? Norteado por tais dificuldades, Marcelo Archanjo José, pesquisador da Escola Politécnica, abraçou o desafio de conceber e desenvolver uma interface humano-computador capaz de capturar os movimentos do lábio inferior. O fruto da pesquisa, patenteado em 2014, ainda aguarda o interesse de indústrias que se proponham a produzir o Sistema de Controle pelo Lábio.

Pessoas com deficiência motora podem ter dificuldades não somente na interação com o mundo ao seu redor, mas também com as tecnologias que deveriam reduzir algumas das desvantagens causadas pela deficiência. Além disso, o processo evolutivo da tecnologia deixou o usuário em segundo plano. Ou seja: a tecnologia é da cadeira motorizada, e não do usuário. Marcelo, que imaginava utilizar seu conhecimento sobre processamento de imagens para automatizar o controle de cadeiras de rodas motorizadas, repensou seu projeto ao entrar em contato com Marco Antônio Pellegrini, portador de tetraplegia: “percebi que era mais importante capturar os comandos da pessoa, contribuindo para sua autonomia, do que automatizar a cadeira”. Essa mudança de foco foi essencial para o desenvolvimento de sua pesquisa.

Como funciona

O Sistema de Controle pelo Lábio funciona através de um joystick semelhante a um controle de videogame, controlado pelo lábio inferior. Os movimentos são monitorados e convertidos para operar um mouse Bluetooth no computador, tablet ou celular. Para a criação do sistema, foram selecionados componentes de baixo custo, robustos e com alta disponibilidade, para que o produto final fosse economicamente acessível. O trabalho foi direcionado às dificuldades das pessoas com tetraplegia por lesão medular, mas seus resultados poderão em portadores de outras deficiências, como a paralisia cerebral, distrofia muscular progressiva, amputados e pessoas com graves sequelas motoras.

Criador do dispositivo testa protótipo. Foto: Marcelo Archanjo José.

Foto: Marcelo Archanjo José

As tetraplegias ocorrem em virtude de algumas doenças neurológicas, ou quando as vias motoras e sensitivas que percorrem a medula espinhal são interrompidas no nível da coluna cervical, entre a primeira e a sétima vértebras cervicais. O estudo de novas interfaces humano-computador que contribuem para a acessibilidade de pessoas com tetraplegia explora áreas como o movimento dos olhos (através de rastreamento), movimento do pescoço (com o uso de joysticks de queixo, boca, ou rastreamento dos movimentos da cabeça), movimento da língua, comandos de voz e por sopro ou sucção.

Pessoas com tetraplegia possuem controle sobre poucas partes do corpo, e têm grande dificuldade de interação com o mundo ao seu redor. Interfaces humano-computador, que utilizam a capacidade de controle muscular remanescente podem promover um acréscimo importante na autonomia do usuário com tetraplegia.

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