ISSN 2359-5191

25/04/2016 - Ano: 49 - Edição Nº: 44 - Saúde - Escola de Educação Física e Esporte
Exercícios com restrição sensorial melhoram equilíbrio em pacientes com AVC
Pesquisa realizada na EEFE-USP comparou os efeitos entre movimentos de fisioterapia comum e manipulados
Alunos fazem exercícios de fisioterapia comuns e com restrição sensorial

O acidente vascular cerebral (AVC) é uma das doenças que mais mata no mundo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), anualmente o AVC atinge 16 milhões de pessoas ao redor do planeta, das quais 6 milhões morrem. Para quem sobrevive a tal doença, a vida se transforma totalmente. Pensando nessa parcela da população, o professor Luís Augusto Teixeira, da Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo (EEFE/USP), desenvolveu pesquisa que busca uma alternativa para a reabilitação de controle postural. Nela, o professor propõe a execução dos mesmos exercícios de uma fisioterapia convencional, porém com algum nível de restrição sensorial.

A pesquisa contou com um grupo de 19 participantes que sofreram derrame, os quais foram divididos em dois grupos: nove no grupo de controle e dez no de manipulação sensorial. O primeiro grupo realizou os exercícios convencionais da fisioterapia, apenas com um aumento de dificuldade ao longo das sessões. Enquanto isso, o segundo grupo realizou os mesmos exercícios, mas, além do aumento no grau de dificuldade, também contou com modificações na percepção sensorial dos participantes. Além disso, os exercícios foram divididos em quatro etapas, cada uma com duração de 3 sessões. Na primeira etapa, os pacientes tiveram informação sensorial plena. Na segunda, realizaram os exercícios com restrição visual (usando vendas). Na terceira, manipulou-se a maleabilidade do solo (pisando em colchonetes duplos). Por fim, na quarta e última etapa os participantes realizaram os exercícios com restrição visual e piso maleável conjuntamente.

Todas sessões, de ambos os grupos, buscavam fazer com que os participantes desenvolvessem a atividade motora para o equilíbrio, habilidade muito debilitada em pessoas que sofreram AVC. A diferença é que no segundo grupo, com a restrição de um ou de dois sentidos, os pacientes fizeram esforços maiores para completar os exercícios. Assim, quando testados novamente em situações sem restrição, apresentaram maior evolução. “Esse grupo de restrição sensorial, quando testado em situações normais de visão e piso rígido, acabou melhorando mais que o outro grupo. No final, nós tivemos uma diferença bastante considerável de ganho de equilíbrio entre os dois grupos”, conta o professor Luís.



Melhores ganhos com menores gastos

O professor relata que os testes com maior ganho foram aqueles em situações dinâmicas. Foram praticadas algumas sequências com movimentos aparentemente simples, mas que representam verdadeiros obstáculos para quem sofre com as sequelas do derrame. Dois exemplos que o professor destaca são: “Timed up and go”, exercício no qual se mede o tempo que um participante leva para levantar de uma cadeira, andar três metros, virar-se, caminhar de volta para a cadeira e sentar novamente. Por meio dele é possível se avaliar o risco de queda e a capacidade de transferência de peso corporal. Além desse teste, Luís destacou a chamada “Escala de Equilíbrio de Berg”, a qual avalia o desempenho do equilíbrio funcional em 14 tarefas funcionais comuns ao dia a dia, como alcançar, girar, permanecer em pé e se sentar. Essa escala é usada com o objetivo de determinar fatores de risco para quedas.

Para o professor Luís, a magnitude dos efeitos das intervenções foi algo surpreendente. Esse resultado é algo realmente importante, pois os exercícios efetuados são de fácil aplicação, não exigem equipamentos sofisticados ou raros.

Por isso, o professor procura uma ampla divulgação dos resultados por meio de palestras e minicursos. Assim eles podem começar a ser aplicados no cotidiano da fisioterapia e da educação física, ajudando uma parcela muito grande da população. Nesse sentido, o professor participará de um evento nos dias 29 e 30 de abril de 2016, na sede* da Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD) em São Paulo, no qual divulgará os resultados da pesquisa.  

Os objetivos do professor para o futuro envolvem estudar outras populações para testar se os efeitos da pesquisa são generalizáveis. Com isso, seria possível ajudar outras parcelas que também sofrem com problemas de equilíbrio e para as quais a restrição sensorial pode gerar benefícios, como, por exemplo, idosos com propensão a quedas.

* AACD Ibirapuera - Sala Anfiteatro

Av. Professor Ascendino Reis, 724, Vila Clementino - São Paulo, SP


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