teatro

 

 

por
Gabriela Sylos



Entre loucuras e risos



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Acabar com a solidão. Esta é a intenção que está por trás da atitude de duas simpáticas senhoras que alugam, para velhinhos solitários, quartos da enorme casa onde moram. Tudo começou como um acidente, mas Abby (Denise Weinberg) e Martha Brewster (Ana Lúcia Torre) acharam que a melhor forma de livrar os senhores inquilinos da solidão era lhes dar um vinho
envenenado, de fabricação própria. E assim passaram a praticar a “boa ação”, como elas mesmas acreditavam. O sobrinho Teddy (Flávio Faustinoni) – que acredita ser o presidente Roosevelt – entra no jogo e enterra os “cavalheiros” no porão (que, segundo ele, abriga as comportas do Canal do Panamá) como se fossem vítimas da febre amarela. Tudo não sem antes um ritual religioso cuidadosamente preparado pelas tias.



O enredo da comédia Arsênico e alfazema, que mais parece de terror, consegue fazer o público rir a cada nova cena, principalmente depois da chegada de outros dois sobrinhos à casa. Mortimer (Paulo Coronato) é crítico de teatro e retorna para contar do recente casamento, mas fica alarmado quando descobre um defunto dentro do baú da sala, e Johnatan (Renato Caldas), o irmão renegado que se tornou, junto com seu companheiro e cirurgião plástico dr. Einstein (Ary França), um assassino procurado.

O cenário está formado. Somando-se à ótima atuação dos atores, o ambiente e o figurino foram preparados em branco e preto, ficando apenas o vinho com uma cor avermelhada forte. Isto porque o diretor
Alexandre Reinecke optou por seguir a adaptação para o cinema – ainda em branco e preto –que Frank Capra fez em 1944, tendo na versão brasileira o sugestivo nome de Este mundo é um hospício.

Além da versão cinematográfica de Capra, a peça também recebeu uma versão nacional, com Oscarito no elenco – Falta alguém no manicômio, de 49 – e adaptações teatrais por todo o mundo. No Brasil participaram atores como Paulo Autran e Cacilda Becker.

O curioso é que a peça, originalmente escrita pelo norte americano Joseph Kesselring e encenada na Broadway no final da década de 30, continua com piadas atuais. Seja por meio da fina ironia que permeia o caráter do “presidente Roosevelt” ou pelas trapalhadas do “vilão bonzinho” dr. Einstein. Os atores secundários também têm seus momentos, como o sargento O’Hara (Henrique Stroeter) que sonha em ser dramaturgo e encena sua peça, que dura cinco horas (!), em um momento decisivo da ação. É impossível não rir.

Espaço Promon
Av. Juscelino Kubitschek, 1.830, Itaim Bibi
T. 3847-4111
H. sextas às 21h30, sábados às 21h e domingos às 20h
Até 6 de março
Os ingressos custam R$ 30,00 (sextas e domingos)
e R$ 40,00 (sábados), com meia entrada.

   



 
O Espaço Aberto é uma publicação mensal da Universidade de São Paulo produzida pela CCS - Coordenadoria de Comunicação Social.
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