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Comportamento
por Maria Clara Matos
fotos por Cecília Bastos

Foto crédito: Cecília Bastos

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André Malbergier explica que a droga atua no mecanismo cerebral chamado circuito do prazer ou circuito de recompensa


Segundo André Malbergier, psiquiatra do HC, a droga atua no cérebro promovendo grande desbalanço no sistema nervoso

“Existe uma teoria hoje de que a dependência química é uma doença multifatorial, então eu sempre a comparo com um enfarto agudo do miocárdio.” André Malbergier, psiquiatra e coordenador do Grupo Interdisciplinar de Álcool e Drogas do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, explica: “Uma pessoa pode ter um infarto aos 50 anos, dependendo dos fatores de risco a que está exposta. Então, por exemplo, se um paciente possui obesidade, hipertensão, colesterol alto tem maior chance de ter um infarto. Se ele não estiver exposto a esses fatores a chance de adoecer é menor”.

Processo semelhante ocorre com a dependência. Dentre os tais fatores de risco a que o especialista se refere está a herdabilidade, ou seja, “se um pai é dependente de cocaína, seu filho tem grandes chances de se tornar dependente e isso provavelmente reside na maneira dele se relacionar com a substância”. Malbergier exemplifica dizendo que se uma pessoa metaboliza mais rápido drogas, como o álcool ou nicotina, tem maior possibilidade de se tornar dependente; enquanto outro indivíduo, que tem um metabolismo mais lento e passa mal com essas substâncias, tende a apresentar menor risco.

Outra vulnerabilidade biológica está ligada a algumas doenças como depressão, fobia social, transtorno do déficit de atenção e hiperatividade. “No momento em que entro em contato com a droga, me torno mais vulnerável, pelo modelo que nós chamamos de automedicação. Assim, se eu estou deprimido e eu uso cocaína, percebo que, pelo menos naqueles momentos sob o efeito de drogas, me sinto mais dinâmico, mais ágil, o que aumenta o risco de me tornar dependente.”

Ambientes familiares e convívios sociais mais permissivos ao uso de drogas também ajudam no processo de dependência, assim como a abordagem política de cada país. Para Malbergier, “as políticas mais ou menos restritivas dos países alteram o consumo. Não podemos deixar de falar da religião, que, em geral, é um fator protetor e da questão da riqueza. As pessoas mais ricas geralmente usam mais drogas quando comparadas às pessoas de menor poder aquisitivo”.

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