Este trabalho tem em vista mostrar como, além das representações míticas, os três paradigmas amorosos do romance de Guimarães Rosa, Grande sertão: veredas, têm também fundamentos empíricos e sociológicos. Por outro lado, ele pretende revelar como tais paradigmas são muito mais estruturais e objetivos do que produtos só da fantasia do autor, por isso, estão muito presentes e difundidos na literatura brasileira.
ESTE TRABALHO MOSTRA COMO O MOTIVO DA DANÇA DO SOL E DA LUA ATRAVESSA OS TRÊS PRIMEIROS LIVROS DE GUIMARÃES ROSA E SE RELACIONA COM A TRÍADE AMOROSA AMOR FERINUS - AMOR HUMANUS - AMOR DIVINUS PRESENTE NA OBRA DO AUTOR.
Este trabalho desenvolve o tema das duas epígrafes tiradas de A divina comédia e usadas no Capítulo III, da segunda parte, de meu livro O Brasil de Rosa: o amor e o poder. Nele procuro mostrar as variações do tema da vida amorosa no romance Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa.
O objetivo deste estudo foi o de tentar desentranhar das representações de duas das figuras mais singulares de nossa história, Antônio conselheiro e Getúlio Vargas, que tive a felicidade de encontrar e identificar num outro trabalho sobre o Grande Sertão: Veredas, a visão e o juízo de Guimarães Rosa sobre elas. Isto foi possível apreender a partir das análises das significações que adquiriram no livro e da importância que tiveram para a definição do destino do herói Riobaldo, narrador do romance Grande sertão: veredas.
Cosmovisão e juízo do romancista Guimarães Rosa sobre Antônio Conselheiro e Getúlio Vargas na defnição do destino do herói Riobaldo. Interessa-nos, pois, entender o pensamento e a ação artística de um grande autor e não as simpatias ou antipatias de um curioso, bisbilhoteiro das obras alheias. Neste sentido, todos os juízos de valor a respeito das duas personagens históricas e dos fatos correlatos a elas só se referem à visão do romancista e não à do crítico.
O episódio do Grande Sertão: Veredas que se passa na chamada “Fazenda dos Tucanos”, do meu ponto de vista, inicia de fato a segunda parte do romance, a épica. É quando se torna mais intenso o seu tempo de guerras e põe em cheque a formação do herói. Ele toma consciência de que precisa se superar, o que o acabará levando para a tentativa do Pacto. Isto acontece depois da morte de Joca Ramiro. O grupo de jagunços ao qual pertenciam Riobaldo e Diadorim, depois de passarem a ser comandados por Zé Bebelo, se estabelece numa Casa-Grande recém-abandonada, onde são encurralados pelo bando do Hermógenes e Ricardão. De perseguidores em busca da vingança da morte do antigo chefe, Joca Ramiro, eles são sitiados pelos seus executores. É um dos momentos mais agudos do livro, que culmina com a matança dos cavalos - ato aparentemente gratuito, mas de extrema crueldade, que talvez só sirva para revelar o grau de ferocidade dos opositores. Os embates entre os bandos mostram como será renhida a luta entre eles e a quantas o de Riobaldo e Diadorim terá que passar para realizar o seu intento de vingança. Isto compõe a camada épica da narrativa, a mais visível. No entanto, subterraneamente, desenvolve-se uma outra trama, agora dramática, como uma sub-história, porém como o seu núcleo mais efetivo: o embate entre Riobaldo e Zé Bebelo. É nesse embate que se coloca para o herói a questão incontornável do Poder e da Chefia, quando o herói toma consciência de que não poderá mais ficar alheio a eles.
Estudo da obra Corpo de baile, de Guimarães Rosa buscando perceber como a dispersão das personagens da primeira estória, seus reagrupamentos nas novelas intermediárias e a reintegração final, formam as ranhuras que amarravam o conjunto. Além de analisar como esses elementos de composição, que sustentam a unidade do livro, têm também um fundo ideológico, ou seja, apresentam uma visão da história e uma concepção da vida e do mundo.
O trabalho tem dois planos. Um primeiro, temático, versa sobre a figura do valentão (ou do jagunço), como um instrumento de que se aproveita, de início, o poder privado dos coronéis e grandes proprietários para afirmá-lo, e, depois, o próprio Estado para combatê-lo. Para isso foi decisivo o estudo do valentão na novela, ou seja, de seu protagonista, Soropita. E, um segundo plano, agora intrinsecamente ligado à forma de composição, que é o estudo voltado para a especifi cação de como se dá na novela a relação entre o mito e a história. Parto do princípio de que não basta dizer que ambos estão presentes na obra, mas como eles se combinam e se relacionam, de um modo tenso, como o existente entre a universalidade e a particularidade, de tal modo que uma tende a substituir a outra.
“O tribunal do sertão” é um ensaio que tematiza a formação do herói, a possibilidade e a dificuldade da incorporação das instituições modernas pelos costumes arcaicos. O autor nos mostra como a narrativa roseana, na composição das suas personagens, explora esse embate entre moderno/arcaico, e desvenda a própria alegorização do Brasil.
Este estudo tem em vista apresentar uma leitura da novela ?Buriti?, do livro Corpo de baile, de Guimarães Rosa. A partir da identificação de suas principais fontes bibliográficas, ele se con- centra nas análises de algumas personagens e de suas relações, como nhô Gualberto Gaspar, iô Liodoro e Lalinha. Elas serão vistas como pessoas empíricas dentro dos quadros patriarcais da vida social brasileira e como manifestações míticas de uma trama dionisíaca, na fazenda do Buriti Bom, regida pelo Buriti Grande.