Traduzir "Meu tio o iauaretê" para o espanhol foi o ponto de partida des te ensaio. A experiência da trad ução revelou à a u tora a com plexa elaboração d e uma língua artificial que o autor cria para o seu narrador: ao mesmo tempo em que mostra a sua cultura misturada, como a sua língua, oculta significados na linguagem aparentemente interjetiva e onomatopéica domestiço. A língua artificial mente criada pelo autor constitui-se na representação da complexidade da existência do narrador e as contradições insuperáveis da sua situação. O ensa i o analisa o processo de criação da "língua d o iauaretê", a posição de Guimarães Rosa a respeito da cultura indíge na, a possível vinculação com Hombres de maíz de M.A. Asturias e com José María Arguedas, e a dívida e homenagem ao indianismo de Gonçalves Dias.
Depositária de uma cultura peculiar, em que a linguagem transgressiva (mescla de traços arcaicos e modernos) reconstrói e preserva uma parte do Brasil, a rural, a produção de Guimarães Rosa estabelece um a constante tensão entre a permanência e a mudança, a lembrança e o esquecimento. Considerando, entre os suportes teóricos, aspectos psicanalíticos, o intento é revisitar episódios que capturam e transfiguram, literariamente, faces do jaguncismo (vigoroso ou 'decadente') em "A hora e vez de Augusto Matraga" (Sagarana), Grande sertão: veredas e Primeiras estórias, graças a processos mnêmicos cuja presença se insinu tanto no texto, quanto fora dele, ou seja, as anotações que antecedem a obra e sua recepção posterior, tal como atestam as releituras de Antunes Filho (teatro) e de Pedro Bial (cinema).
Este ensaio discute três cartas de leitores que foram enviadas a Guimarães Rosa em maio e junho 1946, relatando-lhe suas impressões de leitura acerca de seu livro de estreia, Sagarana, publicado em abril do mesmo ano. A análise dessas cartas mostrou que a leitura de Sagarana foi fortemente marcada pelo viés identitário, o que por hipótese poderia ser atribuído à maneira pela qual esses leitores interpretavam o papel da literatura, relacionando-a ao contexto sócio histórico da época. Os pressupostos teóricos que balizam esse estudo são o discurso epistolar – subgênero carta de leitores a escritores –, as teorias literárias que tratam sobre a identidade e a estética da recepção. A análise comparativa dessas três cartas, relacionando-as à construção da identidade brasileira e ao peso da literatura na construção dessa identidade, aponta em um primeiro momento para duas conclusões. A primeira parece indicar que o forte viés identitário dessas leituras reflete o horizonte de expectativa dos
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