Publicada pela primeira vez em 1946, Sarapalha é uma das nove narrativas compiladas no livro Sagarana, do autor João Guimarães Rosa. No conto, dois primos enfermos definham em meio a uma região devastada pela malária. À espera da morte, Ribeiro e Argemiro abrandam suas dores compartilhando lembranças em torno do passado. Sobre este, contudo, descobrem possuir desavenças significativas no que se refere a uma perda amorosa. As reações à perda aparecem como um luto que chega a rivalizar com outro luto em curso, este devido à iminência da morte das personagens pela enfermidade da malária. Neste artigo, pretendemos analisar como se caracterizam esses lutos, especificamente suas conexões com o modelo proposto por Elisabeth Kübler-Ross, buscando identificar a importância desse elo para novas percepções acerca da narrativa.
Neste trabalho procura-se reconhecer alguns dos principais elementos dramático-cênicos presentes no conto "Sarapalha", de Guimarães Rosa, atentando, sempre que possível, para a estreita relação entre a obra literária e a sua adaptação para O palco, realizada pelo grupo de teatro Piollin. Neste jogo simbólico, procuramos abordar, de maneira sintética, algumas das principais questões, presentes às discussões contemporâneas, sobre a problemática da linguagem artística, seus códigos, fronteiras e disseminações. Para tanto, dividimos o trabalho em três itens que se intercruzam, a saber: 1) diálogo e dicotomias entre o teatro e a literatura; 2) do discurso teatral presente na narrativa; 3) da bifurcação entre imagem literária e imagem cênica.
O conto "Sarapalha" chamava-se Sezão e dava nome também ao livro que viria a se chamar Sagarana. Desse proto-Sagarana, o título alusivo à doença foi abortado, assim como o conto "Bicho mau", publicado depois numa versão expurgada de várias páginas que apontavam muito indiscretamente para o diploma de médico do autor. O borrar dessas evidências demasiadamente "documentais" por Rosa parece confirmar uma instrução de leitura recorrente na obra rosiana: a metafísica e a poesia -- e não a contingência -- devem ressoar soberanas em sua escrita. É o que tentamos mostrar numa breve análise do médico e da doença em "Sarapalha", "Campo geral" e "Buriti".
Programa de Estudos Pós-Graduados em Literatura e Crítica Literária
O objetivo desta dissertação é investigar a presença da entidade Autor-Criador em interação com as personagens nas narrativas São Marcos e Sarapalha , da obra Sagarana (1946), de João Guimarães Rosa (1908-1967). A partir dos pressupostos da estética material de Mikhail Bakhtin (2006), entende-se que não há vinculação entre obra e vida do autor, considerando que a literatura corrente faz a conexão do estudo da obra à vida do escritor, para apenas ouvir a sua voz, a revelar-se em confidências. Para o autor, toda análise estética não deve ser orientada diretamente sobre a obra, mas sobre o que a obra representa para a atividade estética do artista e do leitor. Nosso objeto, aqui, se delineia como o conteúdo dessa atividade estética orientada sobre a obra: o objeto estético. Esta é a dupla perspectiva, aqui, aplicada à leitura das narrativas rosianas: ler o objeto estético na sua singularidade e na estrutura artística chamado objeto estético arquitetônico, concepção que permite ao Autor-Pessoa (elemento ético-social) desdobrar-se em Autor-Criador (elemento constitutivo da forma artística). Dessa forma composicional é concretizada a unidade entre a consciência do Autor- Criador e o mundo exterior resultante de uma Mente arquitetônica, que faz do mundo (outrem) seu enunciado, e, desse, sua consciência: com esse olhar pretendemos ler o estranho em Guimarães Rosa. Em outras palavras, ler a forma artística em acontecimento ou realização. A metodologia de leitura aplicada neste estudo também se fundamenta no conceito de objeto estético, ao praticar a discriminação e isolamento do material analítico-dedutivo da percepção habitual para o insólito da forma artística literária de ambos os textos os contos de Sagarana em suas especificidades crítico-interpretativas. O teórico de nossa referência é Mikhail Bakhtin e os autores de apoio conceitual aplicados à análise e interpretação assim se nomeiam: Tzvetan Todorov; Katerina Clark & Michael Holquist; Roland Barthes; Antonio Cândido; Massaud Moisés; Carlos Alberto
Faraco; Marília Amorim; Renata Coelho Marchezan.
Faculdade de Letras, Departamento de Lingüística e Filologia
A análise textual fundamentada nos princípios metodológicos de leitura propostos por Roland Barthes. A importância do estudo do texto na obra de Barthes, suas características principais, o texto como processo de escritura, resultado da interação escritor/leitor; o texto plural. A escritura curta, estratégias dos fragmentos. Estrutura e estruturação: a análise estrutural da narrativa, regras funcionais de recorrência e sistematicidade, a procura de unidades sintáticas e semânticas mínimas responsáveis por uma rede de significação hierarquizada; a análise textual, mecanismos de produção do texto enquanto processo de escritura e significância. Releitura do conto Sarapalha de Guimarães Rosa, o estudo das lexias, as conotações, interrelação de códigos, a estruturação da leitura.
O objeto de estudo desta tese são algumas das narrativas elaboradas por João Guimarães Rosa e compiladas nos livros: Sagarana, Primeiras Estórias, Estas estórias, Ave, palavra, Corpo de Baile e Grande Sertão: Veredas. A análise deste corpus tem a finalidade de verificar até que ponto essas narrativas ajudam a repensar o conceito de homem cordial presente no pensamento sociológico brasileiro, tendo em vista, sobretudo o desenvolvimento deste conceito no ensaio Raízes do Brasil, de Sérgio Buarque de Holanda (doravante SBH). Dada a inscrição dessas narrativas entre o sertão arcaico e a fundação do ambiente urbano brasileiro, mesmo panorama discutido por SBH, a partir da argumentação desenvolvida, concluiu-se que há um reaproveitamento estético de algumas das principais discussões desenvolvidas por SBH, sobre as raízes da sociedade brasileira. Acredita-se que tal reaproveitamento estético permite que a cordialidade ressoe no corpus analisado, o que nos leva a forjar aqui o qualificativo de poética da cordialidade para as narrativas produzidas por JGR e a enxergar no perfil biográfico desse autor um intérprete do Brasil.
Este trabalho tem como objeto de estudo as obras de João Guimarães Rosa Sarapalha, Corpo fechado e A terceira margem do rio e de Juan Rulfo Luvina e Pedro Páramo. Partindo destes materiais literários analisamos as categorias da transculturação, as relações entre escrita e poder e as implicações das teorias de Ángel Rama para a análise cultural da América Latina. Fundamentam este estudo as teorias críticas desenvolvidas por Roberto González Echevarría, Alberto Moreiras, Antonio Cornejo Polar e Jacques Derrida. Desta forma, o trabalho passa pela discussão de temas como a influência, a mediação e a representação do discurso antropológico na literatura, o debate entre a oralidade e a escrita e o papel paradoxal da literatura na América Latina.
Este trabalho apresenta uma breve leitura do conto “Sarapalha ” de João Guimarães Rosa, no qual
busca identificar peculiaridades na construção de dois personagens, Primo Ribeiro e Primo
Argemiro, para que possamos caracterizá-los quanto ao tipo de personagens que são além de, a
partir dessa identificação, fazer uma breve leitura interpretativa sobre a história construída. O
intuito é compreender um pouco mais tanto os personagens quanto à narrativa. Para atingir o
objetivo proposto, partimos de uma pesquisa bibliográfica (CÂNDIDO, 2009; BRAIT, 1985).
Obteve-se, ao final da pesquisa, alguns resultados como, por exemplo, a constatação de que ambos
os personagens se caracterizam como sendo planos, porém um deles (Primo Argemiro), adquire no
decorrer da história, mais precisamente no final, um grau de crescimento, o que o levaria a deixar de ser plano, passando à dimensão dos personagens redondos. Também se concluiu que os mesmos
personagens atuam com a função de protagonista/anti
o presente trabalho tem como objetivo principal fazer relações entre as personagens Primo Ribeiro e Turíbio Todo dos contos Sarapalha e Duelo, respectivamente, que fazem parte do livro intitulado Sagarana de Guimarães Rosa. Nesses contos, as personagens serão analisadas a partir dos sentimentos de raiva, ódio, vingança, entre outros que impulsionaram atos impensados em busca de limpar suas honras manchadas e que, de alguma forma, contribuíram de maneira negativa para suas vidas, assim mostramos como Guimarães, considerado um grande escritor, consegue fazer com que seus personagens se pareçam com pessoas reais, com todas as qualidades e, principalmente, os problemas. Portanto, serão pontuados alguns fatos e características marcantes da vida e obra do autor e do movimento literário do qual fez parte: o Modernismo, mais especificamente a terceira fase, que traz como características principais o regionalismo e a liberdade de escrita.
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