Riobaldo, o narrador-protagonista de Grande sertão: veredas, é um homem perturbado por lembranças de um passado que não compreende. Tendo vivido na juventude experiências cujo sentido não consegue alcançar, dedica-se agora, na velhice, a procurar, para elas, explicações tranquilizadoras. Riobaldo busca verdades e certezas, entretanto o seu “gosto de especular ideia”, para usar suas próprias palavras, cria muitas dificuldades ao cumprimento desse objetivo. Acompanhando o curso das reflexões do ex-jagunço, pode-se perceber que uma das coisas que “especular ideia” significa é problematizar, uma por uma, todas as proposições alcançadas em cada momento da reflexão no instante mesmo em que se propõem, instaurando um processo de mudança incessante que impede a fixação de qualquer sentido último. Contribui, também, na construção desse efeito de indeterminação de sentidos a intensa utilização de paradoxos no livro. Para o desenvolvimento dessa questão, discutiu-se alguns aspectos da complexa relação entre liberdade, destino e acaso que se dá em Grande sertão:
Este estudo se propõe à análise das narrativas de violência e suas indeterminações na obra de Guimarães Rosa. Para tanto, estabeleceu-se uma aproximação entre o escritor mineiro e o filósofo franco-argelino Jacques Derrida. A partir do caráter altamente indecidível e indeterminante da escritura de João Guimarães Rosa, a leitura de Grande Sertão: Veredas e de narrativas como Desenredo, a série Zoo de Ave, Palavra, Meu tio o Iauaretê foi feita a luz de operadores textuais derridianos, tais como destinerrância, ex-apropriação, différance, soberania, acontecimento, falogocentrismo. Tal indecidibilidade terminou por fazer duas frentes de leitura: de um lado, leu-se o texto rosiano à luz da escritura derridiana, de outro, pode-se afirmar que também o texto derridiano foi lido à luz da escritura rosiana. Para tanto, foi necessária a atenção à força dos paradoxos e das aporias dessas duas escritas, de tal modo que o trabalho não faz a pergunta metafísica que é da ordem do que é? ou do como é? a violência na escritura rosiana. Assim, a análise se desdobra na tarefa de verificar como o texto rosiano põe em questão uma série de postulados da metafísica que regula os sentidos e aponta para um caminho em que estes deslizam e não se fixam em categorizações rígidas, valendo o axioma: "tudo é e não é".
A partir das sugestões de leitura que o autor João Guimarães Rosa oferece em Tutaméia (1967), esta pesquisa dissertativa busca compreender como a arte roasina é capaz de gerar efeito que dinamize experiências de emancipação do leitor e na cultura...