Prosseguindo o trabalho que tenho desenvolvido acerca do lugar do inconsciente na obra rosiana, esta comunicação trata do lugar dos "loucos". As personagens de "Nenhum, nenhuma" e "Lá, nas campinas", por mim estudados anteriormente, manifestam uma perturbação nas relações de seus eus atuais com lembranças obsessivas de lugares lembrados (relações neuróticas). Em outros contos, encontramos personagens que sofrem uma perturbação nas relações de seus eus com o mundo exterior, ou social (relações psicóticas). Pretendo analisar o modo como Guimarães Rosa desenvolve essa ?tópica da loucura? nos seguintes contos: ?Sorôco, sua mãe, sua filha?, ?A terceira margem do rio? e ?Darandina?.
Este artigo é uma análise do conto Famigerado a partir da Teoria Sociológica. Nele, faz-se um estudo de sua forma e conteúdo a fim de identificar os fatores sociais que concorrem para tessitura do conto, bem como outros aspectos em destaques que fazem de Famigerado uma arte universal e segregadora, por apresentar uma linguagem sui generis.
O conto “A hora e a vez de Augusto Matraga” é central dentro de Sagarana, ideia defendida pelo próprio Guimarães Rosa. Encontramos questões dessa narrativa ecoando por toda a obra de Rosa, chegando mesmo a dialogar com o único romance do escritor, Grande Sertão: veredas. Faremos uma leitura do conto focalizando uma temática crucial na obra de Guimarães Rosa, o sistema de justiça presente no sertão brasileiro. O conto trata de uma aparente transformação do personagem principal do texto, Augusto Matraga: num primeiro momento da narrativa, o personagem leva uma vida de desmandos, associando-se a um perfil patriarcal; num segundo momento, passa a levar uma vida mais altruística, apega-se à religião e realiza uma espécie de justiça no sertão. Se apostamos na leitura que transforma Matraga em herói dos desvalidos no final do conto, compactuamos com uma percepção da realidade brasileira que não entende os jogos de poder entre mudança e permanência, entre bases modernas e oligárquicas que formam nosso tecido social. A justiça, no conto, portanto, é fortuita, aleatória e não um projeto definitivo de transformação social.
Este trabalho tem como objetivo evidenciar que “viver é muito perigoso” não só em Guimarães Rosa, mas também em Mia Couto. Serão discutidas semelhanças e diferenças na representação dos cenários de violência ficcionalizados pelos dois autores. Além de analisadas as metáforas e inovações linguísticas presentes na linguagem de ambos os escritores. A intenção principal desta
comunicação é observar de que modo a literatura reflete acerca de diferentes formas de violência, levando os leitores a questionamentos críticos, tanto do ponto de vista social, como existencial.
Faculdade de Letras, Mestrado em Estudos Brasileiros
A presente dissertação pretende analisar a intervenção política do cidadão João Guimarães Rosa e a receção crítica das suas obras no Brasil do pós-guerra. O objetivo do trabalho consiste em dar destaque ao carácter “modernista” das obras de João Guimarães Rosa, sem descurar os seus posicionamentos políticos na atribulada História do Brasil, enquanto escritor e diplomata, com a correspondente prudência política, perante o ambiente militante que vigorava nos meios literários do pós-guerra. Pretende-se assim questionar o pretenso carácter apolítico apontado a Guimarães Rosa e pôr em evidência as suas posições políticas em consonância com as ambições nacionais-desenvolvimentistas permanentemente presentes na política brasileira, desde Getúlio a Kubitschek.