Sala 39

Demora no resultado de bolsas PAPFE coloca em risco permanência de estudantes

Apesar do aumento no orçamento para as bolsas, alunos suspeitam de cortes e enfrentam incerteza com a demora da divulgação dos resultados

Moradores do Crusp. Foto: Cecília Bastos/USP Imagens

Por: Diego Lobo Coppio, Giovana Castro Pereira, e Guilherme Ribeiro

Editora: Marina Galesso Faustino

Uma matéria do Jornal da USP em 13/12/2022 divulgou a aprovação do Conselho Universitário para o aumento de 58% nos recursos destinados à política de permanência estudantil da USP para 2023. O montante investido no Programa de Apoio à Permanência e Formação Estudantil, o PAPFE, seria de R$188 milhões. 

Conforme o edital, no dia 16 de janeiro foram abertas as inscrições para bolsas do PAPFE. O Programa integra a política de permanência estudantil da USP, e provê a estudantes de baixa renda que comprovem necessidade da bolsa vagas nas Moradias Estudantis, auxílio de R$800,00 e refeições gratuitas nos restaurantes universitários. Mas meses após a abertura do processo, estudantes relatam desconhecer se foram aprovados para receber as bolsas. 

O período de inscrições estendeu-se de 16/01 a 02/03 e, no calendário divulgado pela Universidade, a última data para resultados é 10/05, quando sairão os resultados dos recursos. O processo estende-se por 4 meses, tempo prolongado para estudantes em situação de vulnerabilidade que dependem da bolsa para começar ou continuar a graduação.

O atraso das bolsas, que seriam liberadas no dia 07/03, antes do início do ano letivo, afetou o planejamento de alguns alunos. Guilherme Oliveira, ingressante de Turismo em 2023, contou ao Sala 39 que cancelou sua matrícula, pois contava com o auxílio moradia para se mudar para a capital e conseguir atender às aulas. Como os períodos de matrícula nas demais universidades já terminaram, o estudante precisará passar pelo processo de vestibulares mais uma vez, no final do ano.

Em outro relato, Luana Prudente, graduanda em História na FFLCH, conta que os cortes a prejudicaram. Contemplada pelo benefício desde 2018, a estudante alega que sempre recebeu o auxílio normalmente e que, com o aumento no orçamento destinado ao programa no final de 2022, sua inscrição foi aprovada, mas ela entrou na lista de espera em todas as fases de 2023. A estudante ressaltou que depende exclusivamente do auxílio no momento, e alegou certo desespero em relação à situação atual: “Eu dependo do auxílio e da bolsa PUB, que estavam somando mil reais. Dá pra pagar o aluguel… e só.” Na última atualização de resultados da quinta-feira (13), Luana seguiu na lista de espera. Ela disse que vai entrar com recurso, mas não espera obter sucesso.

Procurada pelo Sala 39 para um posicionamento sobre a demora e os supostos cortes, a assessoria de imprensa da Universidade encaminhou links dos editais, mas não comentou a situação dos estudantes.

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