Sala 39

Ensino à Distância e ensino presencial: os prós e os contras

Com a pandemia, o ensino à distância tornou-se centro de discussões entre estudantes e professores. Para o bem ou para o mal, ele passou a ser uma alternativa essencial para a continuidade da educação, mas quais foram os custos?

     

Por: Gabriela Barbosa, Gabriela Raso, Luisa Miyadaira e Yasmin Teixeira

Editora: Yasmin Brussulo

Ir à escola ou faculdade, sentar nas carteiras, assistir às aulas… Nosso sistema educacional sempre seguiu os determinados e ancestrais padrões de aprendizado e em raros momentos apresentou sinais de mudança. Mesmo que outros métodos de ensino já existissem, foi a partir da pandemia da COVID-19 e a ameaça de contaminação no mínimo contato presencial que a sociedade viu-se forçada a uma adaptação drástica, com isso, o ensino remoto tornou-se o único meio de comunicação entre alunos e professores.

    A cultura do ensino à distância no Brasil começa na década de 1970, com o surgimento do chamado “Telecurso”, no qual aulas de conteúdos supletivos dos ensinos fundamental e médio eram transmitidas ao vivo na Rede Globo para milhares de brasileiros. A partir das décadas de 1990 e 2000, essa prática de ensino remoto passou também a ser feita pela internet, o que permitiu a sua expansão. Somente em 1996 foi criada a primeira lei de regulamentação do EAD, reconhecendo esse como uma das modalidades de ensino do país. O modelo ganhou muita força a partir dos anos 2010, principalmente por conta da expansão do acesso à internet e da praticidade que ela proporciona.

Segundo adeptos, essa modalidade permite que o aluno tome conta de sua carreira acadêmica, regulando sua disponibilidade de horário e sem perder tempo no deslocamento. Em 2019, pela primeira vez na história, o número de matrículas em graduações à distância foi maior que aquelas em cursos presenciais. Depois da pandemia de COVID-19, quando as aulas eram obrigatoriamente remotas, esse fenômeno foi intensificado, com as graduações EAD totalizando 62,8% das matrículas em 2021, segundo o Censo da Educação Superior 2021, divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e pelo Ministério da Educação (MEC).

 

Por mais que o Ensino à Distância tenha tornado os cursos de graduação mais acessíveis, existem algumas considerações a serem feitas. Como dito pelo presidente do Inep, Carlos Moreno, são necessárias regulamentações e fiscalizações frequentes para garantir a funcionalidade do ensino.

 Uma das várias qualidades do ensino presencial é a questão social do aprendizado, sendo a interação entre alunos e professores uma das maiores ferramentas para o desempenho do aluno nas aulas. O sentimento de coletividade vivenciado por alunos de cursos presenciais, além de motivar os estudantes, promove uma rotina acadêmica mais organizada e evita a procrastinação, visto que os colegas e professores ajudam os alunos mais distraídos com a organização e a atenção ao longo do curso.

Segundo Nathália Barbosa, formada em Pedagogia pela Faculdade de São Bernardo (FASB) e que vivenciou as duas modalidades de ensino (presencial e à distância) por conta da pandemia, “a interação [no EAD] acontece, mas ela é muito mais distante, no presencial você consegue tirar dúvidas ou fazer comentários e ter uma relação mais próxima com o professor, enquanto no online muitas vezes você nem sabe como é esse professor”. Além disso, Nathália também comenta da dificuldade nos projetos de extensão, parte fundamental da graduação, afirmando que elas não possuem a mesma riqueza e que há muita dificuldade de prestar a devida atenção naquilo que está sendo ensinado, uma vez que há uma série de distrações no ambiente residencial.

Assim, ambas as modalidades possuem vantagens e desvantagens: ao mesmo tempo que no ensino presencial gasta-se tempo e dinheiro com transporte e alimentação, por exemplo, no ensino à distância há problemas como concentração e qualidade acadêmica. Ou seja, cabe ao aluno decidir qual tipo de ensino ele se sente mais confortável e encaixa-se melhor com suas necessidades.