ISSN 2359-5191

21/12/2005 - Ano: 38 - Edição Nº: 22 - Meio Ambiente - Instituto Oceanográfico
Baía da Guanabara tem dificuldade de renovar águas poluídas

São Paulo (AUN - USP) - Um estudo realizado pelo Instituto Oceanográfico - IO da USP conclui que a troca de água entre a Baía da Guanabara e o oceano é baixa, dificultando a dispersão dos poluentes despejados pelas cidades que rodeiam suas margens. No maior levantamento de dados já realizado na Baía, a pesquisa estudou como a maré influencia e gera as ondas que entram na baía. A dinâmica destas ondas é que determina a troca de água entre a baía e o oceano aberto.

O professor Luiz Bruner de Miranda, do IO e coordenador da pesquisa, explica que o resultado obtido é conseqüência da quantidade inédita de informações que foram coletadas durante as visitas à Baía da Guanabara. Todas as variáveis possíveis foram estudadas. Foram duas viagens ao Rio de Janeiro, realizadas em julho de 2003 e fevereiro de 2004, no verão e no inverno, em função das alterações que podem acontecer nas diferentes estações. Foram estudados também os diferentes tipos de maré - que variam de acordo com a posição do sol e da lua no espaço - a de sizígia, com variações maiores do nível da água, e a da quadratura, com variações menores.

Além das variações da maré, foram estudadas as velocidades das correntes e a distribuição das propriedades da água, como salinidade e temperatura. Para isso foram utilizados dois barcos do IO e dois equipamentos de última geração, que mediam com precisão as qualidades da água, em toda a profundidade da baía, em secções transversais e longitudinais em locais determinados. O conhecimento destes dados é fundamental para a compreensão da dinâmica das águas. Como a água do oceano é mais salgada que a da Baía da Guanabara, a concentração de sal em determinado local pode indicar se a água está entrando ou saindo da baía.

Os rios que deságuam na Baía da Guanabara também interferem em sua dinâmica. Como a água dos rios é menos densa que a água do mar, tendem a ficar na superfície, formando as correntes de densidade, que são maiores no verão, visto que as chuvas aumentam a vazão dos rios. Outro elemento natural que altera o equilíbrio da baía é o vento, que dependendo de sua força e direção formam ondas que ajudam ou dificultam a água de sair.

Terminada a fase de coleta, os dados obtidos foram aplicados a um modelo numérico desenvolvido na Holanda. Algumas adaptações foram feitas para ajustar o modelo aos valores obtidos. O resultado foi o desenvolvimento de mapas de corrente da Baía de Guanabara em diversos momentos diferentes, mostrando todas as variações que as correntes apresentam. Também foram obtidos mapas bidimensionais que representam o sentido e a velocidade da corrente em cortes transversais da baía.

Os dados obtidos nesta pesquisa serviram para comprovar trabalhos realizados anteriormente e reafirmar a necessidade urgente de diminuir a emissão de poluentes nas águas da Baía de Guanabara. O próximo passo do estudo é tentar determinar quanto tempo uma partícula de água leva para sair da Baía de Guanabara.

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