São Paulo (AUN - USP) - Um estudo realizado pelo Instituto Oceanográfico - IO da USP conclui que a troca de água entre a BaÃa da Guanabara e o oceano é baixa, dificultando a dispersão dos poluentes despejados pelas cidades que rodeiam suas margens. No maior levantamento de dados já realizado na BaÃa, a pesquisa estudou como a maré influencia e gera as ondas que entram na baÃa. A dinâmica destas ondas é que determina a troca de água entre a baÃa e o oceano aberto.
O professor Luiz Bruner de Miranda, do IO e coordenador da pesquisa, explica que o resultado obtido é conseqüência da quantidade inédita de informações que foram coletadas durante as visitas à BaÃa da Guanabara. Todas as variáveis possÃveis foram estudadas. Foram duas viagens ao Rio de Janeiro, realizadas em julho de 2003 e fevereiro de 2004, no verão e no inverno, em função das alterações que podem acontecer nas diferentes estações. Foram estudados também os diferentes tipos de maré - que variam de acordo com a posição do sol e da lua no espaço - a de sizÃgia, com variações maiores do nÃvel da água, e a da quadratura, com variações menores.
Além das variações da maré, foram estudadas as velocidades das correntes e a distribuição das propriedades da água, como salinidade e temperatura. Para isso foram utilizados dois barcos do IO e dois equipamentos de última geração, que mediam com precisão as qualidades da água, em toda a profundidade da baÃa, em secções transversais e longitudinais em locais determinados. O conhecimento destes dados é fundamental para a compreensão da dinâmica das águas. Como a água do oceano é mais salgada que a da BaÃa da Guanabara, a concentração de sal em determinado local pode indicar se a água está entrando ou saindo da baÃa.
Os rios que deságuam na BaÃa da Guanabara também interferem em sua dinâmica. Como a água dos rios é menos densa que a água do mar, tendem a ficar na superfÃcie, formando as correntes de densidade, que são maiores no verão, visto que as chuvas aumentam a vazão dos rios. Outro elemento natural que altera o equilÃbrio da baÃa é o vento, que dependendo de sua força e direção formam ondas que ajudam ou dificultam a água de sair.
Terminada a fase de coleta, os dados obtidos foram aplicados a um modelo numérico desenvolvido na Holanda. Algumas adaptações foram feitas para ajustar o modelo aos valores obtidos. O resultado foi o desenvolvimento de mapas de corrente da BaÃa de Guanabara em diversos momentos diferentes, mostrando todas as variações que as correntes apresentam. Também foram obtidos mapas bidimensionais que representam o sentido e a velocidade da corrente em cortes transversais da baÃa.
Os dados obtidos nesta pesquisa serviram para comprovar trabalhos realizados anteriormente e reafirmar a necessidade urgente de diminuir a emissão de poluentes nas águas da BaÃa de Guanabara. O próximo passo do estudo é tentar determinar quanto tempo uma partÃcula de água leva para sair da BaÃa de Guanabara.