ISSN 2359-5191

21/12/2005 - Ano: 38 - Edição Nº: 22 - Sociedade - Faculdade de Educação
Pesquisadora vê deficiências nas políticas culturais de SP

São Paulo (AUN - USP) - Raio de alcance restrito, distribuição questionável das tarefas das Secretarias Municipais e pouca diversidade. Para a professora Neide Luzia de Rezende, da Faculdade de Educação da USP, os projetos culturais da capital paulista precisam de melhorias, em sua difusão e em seus objetivos. Ela aponta medidas para democratizar o acesso às atividades.

O fato de o circuito cultural de São Paulo limitar-se ao centro e à região da avenida Paulista é um dos primeiros aspectos a serem considerados. Neide menciona que é preciso levar à periferia opções de arte e lazer. Nesse sentido, várias ONGs preenchem a lacuna deixada pela prefeitura. Apesar de boa parte delas possuir planejamento artístico e pedagógico, algumas não têm embasamento amplo.

No que diz respeito às ações do governo nas regiões mais afastadas, destacam-se os trabalhos nos Centros Educacionais Unificados (CEUs). Porém, a professora alerta para a mistura de funções: as atividades dos CEUs estão sob responsabilidade da Secretaria Municipal de Educação – mesmo eventos de lazer e arte, que cabem à Secretaria de Cultura. Desse modo, sobrecarrega-se uma das instâncias, repleta de tarefas.

Diante do atual panorama, Neide defende a implantação de Centros Culturais por toda a cidade. Estes teriam verba própria (pública) e projeto específico, e não só ofereceriam formas de arte diversas – também seriam espaços de produção. A professora lembra dos Centros de Criação Cultural franceses, que rendem bons resultados.

Para construir esses espaços em São Paulo, a prefeitura deveria conversar com as comunidades para traçar as condições locais e descobrir suas vontades. A professora cita como exemplo as mães que gostariam que as filhas tivessem aulas de balé.

Dentre as variedades artísticas possíveis, o teatro parece ser a que mais atrai o público jovem, segundo Neide. Poderia ser o carro-chefe das atividades na periferia, por uma série de motivos.

Trata-se de um tipo de arte potencialmente transgressor. Remete ao meio alternativo, à contra-cultura. Envolve contato direto, aborda questões sociais cotidianas. Veicula críticas e problemas coletivos. Além disso, é uma forma de expressão possível para a maioria das pessoas: seu principal instrumento é o corpo.

Ainda sob esse raciocínio, a dança e a música são alternativas de criação coletiva, que poderiam ser trabalhadas sem grandes dificuldades.

Todo esse trabalho artístico na periferia, tanto de criação quanto de apreciação, possibilitaria a ampliação de horizontes e reflexão sobre a condição humana. Seria uma opção à cultura de massa alienante da mídia, como lembra a professora Neide. Viabilizaria construções próprias, comunitárias. Também traria a consciência de que a assimilação dos bens culturais dos grandes centros, que parecem restritos à classe média, é possível a todos.

Outras ações

A prefeitura pode ser o agente articulador entre quem quer atuar na periferia e o público que quer receber lições. Neide conta que há artistas dispostos a trabalhar nessa região, mas não sabem ao certo o que fazer.

A pesquisadora também menciona como medida cabível ao governo a extensão de projetos como o “Formação de Público”, que reserva apresentações teatrais da cidade aos alunos de escolas públicas, além de organizar as idas. Também se trata de uma forma de levar cultura a quem tem pouco acesso, seja pela distância, seja por condições financeiras.

Leia também...
Agência Universitária de Notícias

ISSN 2359-5191

Universidade de São Paulo
Vice-Reitor: Vahan Agopyan
Escola de Comunicações e Artes
Departamento de Jornalismo e Editoração
Chefe Suplente: Ciro Marcondes Filho
Professores Responsáveis
Repórteres
Alunos do curso de Jornalismo da ECA/USP
Editora de Conteúdo
Web Designer
Contato: aun@usp.br