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29/04/2008 - Ano: 41 - Edição Nº: 27 - Sociedade - Instituto de Estudos Brasileiros
Bibliotecas e acervos precisam ter melhor comunicação
Diretor denuncia processo de abandono das bibliotecas por parte do poder público e diz que as instituições do ramo precisam dialogar entre si

São Paulo (AUN - USP) - Instituições como bibliotecas e acervos devem dialogar e conversar mais entre si para criar soluções para problemas como roubo e deterioração em conjunto. Foi a essa conclusão que chegou Luís Francisco Carvalho Filho, diretor da Biblioteca Mário de Andrade (BMA), na palestra “Beleza Roubada”, realizada recentemente no Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo (IEB-USP) e que faz parte de um ciclo que completa a exposição recém-inaugurada “Obras Raras em Acervos Públicos”, sediada no IEB. O intuito da palestra foi debater sobre a atual situação das bibliotecas e contar um pouco sobre o roubo sofrido pela instituição.

Para Luís Francisco, as bibliotecas brasileiras já sofrem por falta de investimentos e com o descaso do governo. E para agravar ainda mais o problema, as instituições não dialogam, não conversam para articular políticas de gerenciamento em comum. A prova desses problemas é o roubo sofrido em 2006 pela BMA.

Na ocasião, o Centro Cultural do Banco do Brasil ia fazer uma exposição sobre o Aleijadinho e pediu algumas gravuras à BMA. Os organizadores do evento foram até a biblioteca e somente na hora de pegar as gravuras, descobriu-se que faltavam três das 11 daquele livro. Logo uma varredura completa foi feita no acervo e mais obras foram tomadas como desaparecidas. Alguns livros com gravuras de Debret e Rugendas, por exemplo, foram mutilados, com as gravuras ou páginas cortadas. Somente depois de um comprador de um leilão informar à biblioteca que adquirira uma obra que parecia roubada, os investigadores conseguiram pistas dos ladrões. Muitas obras foram recuperadas (até mesmo forçando os compradores dos diversos leilões a devolverem as obras), mas outras estão até hoje desaparecidas.

No setor de obras raras não havia câmeras de vigilância por falta de dinheiro. Mesmo que houvesse, seria apenas um fator de inibição, disse Luís Francisco, pois faltaria estrutura para guardar as horas de gravação e a biblioteca não teria dinheiro para manter vigilantes assistindo a transmissão das câmeras durante todo o tempo. Além disso, o prédio da biblioteca é histórico e uma fiação para as câmeras poderia danificar a construção.

Luís Francisco disse que, além de maior diálogo, uma medida para resolver o problema das bibliotecas seria o poder público investir em técnicos, em pessoas especializadas para cuidar do acervo e incentivar na formação de fiscais que se interessassem por cuidar desses arquivos. Pessoas de confiança são necessárias, pois, ao que tudo indica, o roubo foi cometido por pessoas de dentro do próprio acervo: não havia sinais de arrombamento e, na ocasião, a perícia encontrou uma cópia da chave que abre o arquivo de obras raras. Cópia essa que nunca deveria ter sido confeccionada.

O diretor revelou que estão em fase de desenvolvimento alguns projetos, junto com especialistas da USP, para montar um programa de gerenciamento da BMA. Ele ainda completou que deveria haver uma alteração na legislação, fazendo com que o roubo de patrimônio público fosse punido com mais rigor. Isso inibiria a ação dos assaltantes e valorizaria um patrimônio não só de valor econômico, mas principalmente de valor cultural.

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