ISSN 2359-5191

29/04/2008 - Ano: 41 - Edição Nº: 27 - Educação - Escola de Engenharia de São Carlos
Robôs dão aula de física e matemática
Robôs socialmente inteligentes podem ajudar professores no ensino de ciências exatas

São Paulo (AUN - USP) - Se depender de Eduardo Simões, robôs servirão de instrumento para aulas de física, matemática e química nas escolas públicas. Professor da Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo (EESC-USP), ele crê que o robô, por despertar tanto interesse nas crianças, pode servir como força motriz do estudo das ciências exatas – tanto com experimento de cinemática, e do movimento de objetos, quanto no estudo da duração da bateria de um robô. Por ele mesmo; “o robô é uma aula de física ambulante”.

A idéia de levar os robôs utilizados em suas pesquisas nas universidades à sala de ensino fundamental e médio surgiu em alguns momentos de contato entre seus robôs e o público. No primeiro deles, em 2001 Eduardo Simões estava na Inglaterra, cursando seu doutorado na University of Kent at Cantebury (UKC). Num determinado dia, a universidade, por ser particular, abre suas portas á comunidade para vender a qualidade de seu ensino; Simões fazia parte da área da robótica e muitas crianças se interessavam pelas máquinas, indagando os Como?’s e Porque?’s referentes ao que viam. Algo similar ocorreu posteriormente em Ribeirão Preto, em 2006, no período da Feira do Livro, nessa ocasião, havia uma média de 650 crianças por dia para ver os robôs; Simões sentiu-se impressionado que algumas crianças apareciam no período da manhã, aprendiam um pouco sobre robótica e retornavam de noite, com os pais, ensinando-lhes o que haviam aprendido de manhã.

A idéia de unir robótica no ensino de ciências exatas a partir de robôs socialmente inteligentes não é original do Brasil. Nos Estados Unidos, no Massachusetts Institute of Technology (MIT), em 2001, já havia estudos sobre o assunto, pelo System Man Cybernetics (SMC). Aqui, o projeto precursor é de Eduardo Simões em 2006. “Estamos cinco anos atrasados”, diz.

O que ainda falta, entretanto, para que o robô seja efetivado como possível instrumento da sala de aula é o cuidado pedagógico das metodologias de ensino. “O engenheiro faz o robô, o sociólogo cuidará das conseqüências dele na sociedade”, afirma Simões. Uma vez estudados os efeitos no ensino, o projeto pode ser posto em prática.

Com o piloto em São Carlos, o repasse do material didático de robótica para as escolas seria feito a partir do Centro de Divulgação Científica e Cultural (CDCC), na USP, que já trabalha com um mecanismo de locação similar ao que é visado pelo projeto, a experimentoteca, no qual kits de ensino com material confeccionado por professores da própria Universidade seriam alugados para escolas públicas. Nesse kit haveria robôs e questionários referentes a possíveis experimentos com o equipamento.

Toda essa rede de possibilidades só será por fim posta em prática quando houver uma união entre três pontos; a Universidade, o setor privado e a escola. A primeira criará a tecnologia e repassará para a sociedade a partir da experimentoteca, a segunda a produzirá, e a última será a consumidora final do produto.

O governo do presidente Lula dá prioridade a quem investir em escolas técnicas; de tal modo, São Carlos, para Eduardo Simões, se mostra um local próspero para que sua idéia saia do papel: há a Escola Técnica Estadual Paulinho Botelho (ETE Paulinho Botelho) que serviria como piloto para o projeto e há também a única empresa no Brasil que produz software de reconhecimento de voz para robôs em português – permitindo que a máquina seja, além de tema da aula, professor e fonte de informação em nível nacional.

O projeto agora aguarda a aceitação da ETE Paulinho Botelho e da USP para ser iniciado de fato. Eduardo Simões considera crucial, porém, que haja mais coordenadores do projeto, já que ele dedica cerca de 1% de seu tempo para esse programa; caso contrário, nenhum avanço significativo poderá ser feito.

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