ISSN 2359-5191

17/05/2002 - Ano: 35 - Edição Nº: 08 - Saúde - Faculdade de Medicina
Laboratório busca explicação genética para câncer de mama e próstata

São Paulo (AUN - USP) - Os tumores de mama que respondem a hormônios são menos agressivos para os pacientes. Já os que não respondem a hormônios como estrógeno e progesterona evoluem mais rápido para a metástase (expansão do câncer pelo resto do corpo) e para a morte. Esses dados já são conhecidos pela medicina. Mas não se sabe por quê. A explicação pode estar na genética.

Uma comparação entre os dois diferentes tumores constatou genes expressos de maneira diferenciada. Trata-se de um trabalho coordenado pela professora Maria Aparecida Nagai, do Laboratório de Genética Molecular do Câncer da Faculdade de Medicina da USP. O laboratório usa tecnologia de ponta para os estudos na área. Nesse caso, foi utilizada a técnica de microarrays, introduzida no final do ano 2000. Com ela foi possível observar, em resultados preliminares, uma grande quantidade de genes alterados e que podem explicar as diferenças entre esses tumores. Mas ainda está em análise a hipótese de eles serem regulados ou não pelos hormônios.

A professora Nagai aponta, como outro exemplo das pesquisas desenvolvidas no laboratório, a associação do risco de câncer de próstata a um polimorfismo no gene do receptor de andrógeno (AR), um outro tipo de hormônio. A doença é a segunda maior causa de mortes por câncer em homens do Ocidente. Foram analisadas as repetições do gene CAG, como é chamado, em 133 pacientes com câncer de próstata e outros 279 indivíduos com saúde normal. Além de observar a ligação de um pequeno CAG com um maior risco de tumores de próstata, o estudo concluiu ser esse um importante marcador para identificar a doença em pessoas mais jovens, abaixo dos 50 anos.

Apesar desse trabalho enfocar um gene específico, as atuais pesquisas no laboratório exploram painéis mais amplos de genes, buscando extrair deles correlações e influências nas diferentes características clínicas específicas de cada tumor em cada paciente. Um diagnóstico mais preciso possibilitaria um tratamento mais individualizado. Também menos danoso para o resto do organismo do que a quimioterapia, por exemplo. Todos esses avanços esperados podem ser, com as novas tecnologias em genética molecular, parte de um futuro próximo.

Nagai aponta os caminhos das pesquisas daqui para frente: “Qual o número total de genes? Como é que esses genes funcionam? Como é que eles estão expressos nas diferentes células? E qual a inter-relação entre esses genes? A gente conhece muito pouco”. Mas novos resultados não estão tão distantes. “Com as ferramentas que se tem na mão, imagina-se que isso vai levar um tempo relativamente curto”, explica a professora. A evolução biotecnológica será determinante, principalmente, na análise de proteínas, de RNA e para a farmaco-genômica.

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