ISSN 2359-5191

17/05/2002 - Ano: 35 - Edição Nº: 08 - Meio Ambiente - Instituto Butantan
Pesquisa usa caramujo de água doce como indicador de poluição ambiental

São Paulo (AUN - USP) - Mais conhecido como o agente transmissor da esquistossomose, o caramujo Biomphalaria glabrata pode ser utilizado como um indicador natural dos níveis de poluição de ambientes aquáticos. Este estudo está sendo desenvolvido pela pesquisadora Eliana Nakano, do Laboratório de Parasitologia do Instituto Butantan, em conjunto com sua orientanda Simone Kneip Cavalheiro, aluna do último ano de Biologia da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

O objetivo é fazer testes com substâncias tóxicas já conhecidas e observar as relações entre a quantidade dessas substâncias no meio e os seus efeitos sobre o animal. Após esta etapa, será possível comparar estes dados com os vindos de um ecossistema que apresenta suspeitas de poluição. O caramujo foi escolhido por representar o grupo dos invertebrados, que constituem 90% da fauna dos ambientes aquáticos.

O trabalho concentra suas forças na padronização do sistema de detecção dos poluentes mutagênicos - substâncias químicas capazes de provocar mutações no DNA dos seres vivos, mutações essas que podem ser transmitidas à prole. Elas podem ocorrer em células somáticas (não-sexuais), resultando em cânceres e tumores. No entanto, segundo Eliana, este é um problema com significado ecológico menor, pois uma população natural é capaz de se recuperar da perda de alguns poucos indivíduos. O maior problema é quando essas mutações ocorrem nas células germinativas, ou gametas. As conseqüências da alteração genética neste tipo de célula vão desde a má formação de fetos até abortos espontâneos. “O que é mais perigoso para populações naturais que estejam atingidas por esses mutagênicos é que você pode afetar diretamente o potencial reprodutivo”, diz a pesquisadora.

Há ainda mais um componente de perigo nos poluentes mutagênicos. Seu efeito não é tão visível a curto prazo, diferentemente de certos pesticidas, por exemplo, que têm ação tóxica aguda, muito evidente. Os males causados por este tipo de agente poluidor se manifestam nas gerações seguintes, o que configura um dano ambiental tão ou mais grave do que os causados por poluentes não-mutagênicos. Vale lembrar que estes poluentes são, em princípio, uma ameaça a todas as espécies, visto que a molécula de DNA tem uma estrutura comum a todos os seres vivos.

Eliana já estudou a ação de várias substâncias reconhecidamente mutagênicas no organismo dos caramujos: a ciclofosfamida e a mitomicina C. A pesquisadora Lenita de Freitas Tallarico desenvolveu em sua dissertação de mestrado (com a orientação de Kayo Okazaki do IPEN) um trabalho a respeito da radiação gama. O Trabalho de Conclusão de Curso de Simone trata da ação da quarta substância mutagênica escolhida: o benzopireno, um hidrocarboneto aromático poli-cíclico que representa toda uma classe de poluentes bastante presente em ambientes aquáticos. A soma destes experimentos pilotos está inserida num projeto maior, que está sendo financiado pela Fapesp. No segundo semestre deste ano, serão feitos mais experimentos, e, por fim, as estatísticas.

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