ISSN 2359-5191

24/05/2010 - Ano: 43 - Edição Nº: 18 - Sociedade - Museu de Arte Contemporânea
Série de fotografias discute imaginário popular sobre as cidades

São Paulo (AUN - USP) - O Museu de Arte Contemporânea da USP (MAC-USP) exibe a mostra “Cidades Imaginadas Iberoamericanas”, composta por fotografias que representam e contestam o imaginário do público sobre o ambiente urbano. A exposição é parte do projeto “Imaginários Urbanos”, fruto de mais de vinte anos de pesquisa do colombiano Armando Silva, professor da Universidad Externado de Colombia, que compareceu ao museu para uma palestra sobre seu trabalho.

A proposta geral do projeto é aliar a investigação prática sobre a cidade a uma reflexão teórica interdisciplinar, envolvendo estética, antropologia, psicanálise e ciências da linguagem. A partir de uma pesquisa de campo, Armando identificou três grandes tipos de manifestações estéticas urbanas: o grafite, a arte urbana e a arte pública. Estes três conceitos são, em geral, empregados indistintamente, mas guardam diferenças importantes entre si: o grafite envolve necessariamente a tensão psicológica do proibido, uma violação às convenções sociais, tanto quando se faz por palavras (como o “pixo” brasileiro ou as frases contestadoras na Paris de 68) quanto por imagens (como o grafite praticado por negros e porto-riquenhos na Nova York dos anos 70). A questão do anonimato também é essencial: para Armando, a partir do momento em que o autor se revela, sua obra não é mais grafite.

Já a arte urbana se define pelo predomínio do fator estético. É a arte que sai das galerias e se apropria da cidade como cenário, convertendo todo cidadão em público potencial. A grande diferença em relação ao grafite, segundo o professor, é que “a cidade dá permissão para a arte urbana, enquanto o grafite não pede permissão”.

Por fim, o que Armando coloca como arte pública é algo que se aproxima do grafite na medida em que representa uma reação frente ao sistema, mas é único por não constituir necessariamente uma obra física, e sim um conceito. A arte pública pode partir de objetos já existentes para interferir na cultura, no imaginário local.

A partir das intervenções feitas pela arte pública, Armando buscou identificar o que chamou de “Imaginários Urbanos”: visões de mundo elaboradas pela coletividade, presentes no espaço da cidade. Próximos da arte pública por formarem conceitos, os imaginários se diferem por serem construídos não por artistas, mas por cidadãos; podem ter uma dimensão estética, mas não uma intenção de se colocarem como arte.

Para esclarecer este conceito, Armando dá o exemplo do medo. É um sentimento social que se encontra materializado em objetos da cidade, como a fachada de um prédio cheia de grades. O medo faz com que os cidadãos utilizem a cidade de maneira peculiar; por exemplo, uma população inteira pode evitar determinada região por ser socialmente estabelecido que aquela área é mais atingida por roubos, mesmo que dados estatísticos não o confirmem.

Este ambiente urbano construído pelo uso social é justamente o que o professor define como as “Cidades Imaginadas” que dão nome à exposição. Na mostra, estão presentes 50 fotografias que documentam a trajetória da pesquisa através de 13 cidades latinoamericanas, incluindo São Paulo. A obra “Mirando desde al frente”, de Gerardo Rojas, mostra justamente a fachada de um prédio em Caracas coberta por grades, aludindo ao medo que Armando coloca como principal imaginário presente nas cidades atuais. A mostra permanece em cartaz até o dia 23 de maio.

Leia também...
Nesta Edição
Destaques

Educação básica é alvo de livros organizados por pesquisadores uspianos

Pesquisa testa software que melhora habilidades fundamentais para o bom desempenho escolar

Pesquisa avalia influência de supermercados na compra de alimentos ultraprocessados

Edições Anteriores
Agência Universitária de Notícias

ISSN 2359-5191

Universidade de São Paulo
Vice-Reitor: Vahan Agopyan
Escola de Comunicações e Artes
Departamento de Jornalismo e Editoração
Chefe Suplente: Ciro Marcondes Filho
Professores Responsáveis
Repórteres
Alunos do curso de Jornalismo da ECA/USP
Editora de Conteúdo
Web Designer
Contato: aun@usp.br