ISSN 2359-5191

24/11/2010 - Ano: 43 - Edição Nº: 106 - Saúde - Faculdade de Odontologia
Fluoretação da águas ainda gera equívocos entre população

São Paulo (AUN - USP) -Fatores como grande alcance populacional e baixo custo relativo, fazem com que a fluoretação das águas seja uma medida prioritária na prevenção e controle da cárie dentária. Se a prevalência da cárie diminuiu ao longo das últimas décadas, isso deve-se especialmente ao emprego de produtos e substâncias fluoretadas. Entretanto, estudo mostra que ainda existe desinformação da população acerca do uso do flúor no campo da saúde bucal.

Enquanto existe um debate mundial sobre a opinião das pessoas em relação ao flúor e a fluoretação das águas de abastecimento, no Brasil a população nunca foi consultada. Foi com a finalidade de conhecer as opiniões e percepções de uma parcela da população brasileira sobre o tema, que a cirurgiã-dentista Regina Gláucia Ribeiro de Lucena, desenvolveu sua tese de Doutorado.

A orientanda explica que no país está em vigor a lei 6.050, de 24 de maio de 1974, que torna obrigatória a fluoretação das águas de abastecimento público em locais onde existam estações de tratamento de água. Entretanto, dos 5.391 municípios que possuíam rede de distribuição de água , somente 45,74 % fluoretavam suas águas. Em outras palavras, apenas cerca de 100 milhões de habitantes são beneficiados com água fluoretada.

Regina comenta que a lei já foi questionada várias vezes . Os oponentes da fluoretação citam os supostos efeitos tóxicos do flúor, a reduzida efetividade da medida preventiva e até mesmo violação de princípios éticos de autonomia. Regina ressalta que não há evidências científicas que sustentem a existência de riscos para a saúde humana decorrente do uso do fluoreto,desde que os teores do flúor na água estejam dentro dos padrões recomendados. Quanto a questionalidade da efetividade da medida, a cirurgiã aponta que no Brasil , grande parte da população não tem acesso a pasta dental fluoretada , tampouco a serviços de saúde bucal, sendo que ,para muitos, a água fluoretada é a única forma de acesso ao flúor . Também afirma que a restrição da autonomia individual , ao “obrigar” a população a ingerir água fluoretada é eticamente aceitável em nome do bem comum proporcionado pela medida de saúde pública.

Apesar dos participantes da pesquisa se demonstrarem favoráveis à manutenção da lei , muitos só tomaram conhecimento da mesma, quando foram abordados pelos pesquisadores. A maioria dos entrevistados se sentia desinformado com relação à água de abastecimento e à temática da fluoretação, alegando que falta divulgação e discussão sobre o assunto. Grande parte também, possuía ideia equivocada sobre o flúor, o confundindo com o cloro, acreditando que ele também servia para tratar a água. É bom observar, que apesar da maior parte dos entrevistados possuir pós-graduação e uma parte significativa trabalhar na área de saúde há lacunas de conhecimento e idéias equivocadas sobre o uso do flúor na população de estudo. A pesquisa conclui,portanto, que há deficiências no papel da vigilância sanitária em prover informações à população, além do mais, as falhas dos responsáveis pelo controle das políticas públicas de saúde e saneamento dificultam a concretização do papel da comunidade no exercício do “controle social” das ações governamentais.

A cirurgiã também se atenta ao baixo custo relativo da medida. “ Beneficiar uma pessoa com água fluoretada ,durante toda a sua vida, é inferior a uma única restauração dentária. O custo anual da fluoretação das águas de abastecimento é da ordem de R$ 0,13 por habitante.”

Regina ainda acrescenta que outras medidas preventivas devem ser associadas aos fluoretos para a queda da cárie no país, pois sozinhos eles são incapazes de impedir o desenvolvimento da cárie. Como exemplo, ela cita uma adequada higiene oral (com a utilização de escova dental, dentifrício e fio dental) e o controle do consumo de sacarose na dieta.

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