São Paulo (AUN - USP) - A captação e o uso da água de chuva em larga escala pode contribuir para a diminuição do pico de enchentes na cidade de São Paulo, conforme afirma o pesquisador Luciano Zanella, do Centro Tecnológico do Ambiente Construído (Cetac) do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), na USP. Criada em 2002, a lei 13276/02 do município de São Paulo determina que lotes que tenham área impermeabilizada superior a 500m² deverão possuir reservatórios para acumulação das águas pluviais. A partir desta iniciativa, vem crescendo nos grandes empreendimentos da capital o sistema de aproveitamento das águas de chuva.

Atualmente, o governo do Estado de São Paulo vem investindo em construções sustentáveis. Na cidade de São Paulo, as escolas estaduais, ainda em construção, Bairro Luz, no centro da capital, e Vila Brasilândia, na região norte, possuirão tecnologias para economia de água e energia. “Normalmente, o sistema de aproveitamento de água é uma boa opção, mas depende do uso que será destinado para esta água e das condições de captação e de pluviosidade da região”, afirma. Para Zanella, o uso deste tipo de tecnologia de aproveitamento de água pelo setor público e privado, além de ser ambientalmente interessante também pode complementar as soluções para a redução das enchentes nas bacias hidrográficas da capital.

Segundo o pesquisador, quando se tratar de viabilidade econômica com respeito exclusivamente ao usuário, os empreendimentos devem ser analisados caso a caso para a verificação da relação entre a economia de água e o consumo de energia necessário para bombear a água normalmente armazenada no subsolo de volta para o telhado. Com isso, “às vezes, o sistema pode não ser um ganho financeiro para o morador, mas se todas as casas de uma bacia tiverem um aproveitamento de água de chuva é possível ter uma redução no pico de enchente, por exemplo”, afirma Zanella.

Usos para a água aproveitada
A água proveniente do aproveitamento da água de chuva é destinada a fins menos nobres, devido às características do sistema de captação. “Imagine um móvel dentro da sua sala sem mexer por três dias, vai juntar uma poeira neste móvel, agora imagina um telhado que está do lado de fora. Além disso, ainda tem-se gatos, ratos, passarinhos e árvores”, exemplifica o pesquisador. E completa, “por isso, o primeiro volume de água da chuva é destinado à lavagem do sistema de captação e não será armazenado pelo sistema de aproveitamento adequado”.

Com isso, a água pode ser utilizada para irrigação, para lavagem de piso e descarga de vasos sanitários. “O retorno também é variável, se for uma casa com quatro pessoas que passam o dia todo trabalhando aí o investimento será pago em anos, agora, se for um shopping center ou uma escola com um telhado grande e, com isso, um grande espaço de captação desta água em local que utiliza muita descarga, por exemplo, aí o retorno pode ser rápido, questão de meses”, relata Zanella.