ISSN 2359-5191

24/11/2010 - Ano: 43 - Edição Nº: 106 - Saúde - Faculdade de Saúde Pública
Produtos com gordura trans ainda atraem a população

São Paulo (AUN - USP) - O consumo da gordura trans está associado a maiores riscos de doenças cardiovasculares e aumento da taxa de colesterol. Apesar disto, a dissertação de Mestrado da nutricionista Tatiane Bottan, defendida na Faculdade de Saúde Pública da USP, mostra que esses vilões ainda são atraentes para o consumidor.

A gordura trans é uma gordura vegetal alterada quimicamente por uma molécula de hidrogênio . Além da maior durabilidade, ela confere ao alimento um sabor , textura e um brilho diferenciado, o que a torna mais saborosa ao paladar. Largamente utilizada a partir da década de 1960 tornou-se durante anos a solução ideal para a substituição da gordura saturada. No entanto, após as comprovações das pesquisas acerca dos efeitos prejudiciais a saúde humana, a Organização Mundial de Saúde recomendou que a ingestão deste tipo de gordura deve ser inferior a 20 gramas do valor energético total diário.

Com relação a legislação, a Dinamarca foi pioneira no assunto. O país não só proibiu como julgou a gordura trans uma substância ilegal. No Brasil, a única medida adotada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária - Anvisa , foi estabelecer nos rótulos das embalagens a quantidade de gordura trans que cada alimento possuía.

Para a realização de sua pesquisa de Mestrado, a nutricionista avaliou as categorias de produtos que tradicionalmente continham grandes concentrações de gordura trans. Foram selecionados, portanto, os biscoitos doces simples, biscoitos recheados, wafer, biscoitos salgados e biscoitos de polvilho. Dentre os 500 produtos encontrados nas categorias escolhidas, 70% declararam conter no rótulo 0g de gordura trans. Isto indicou a predominância de produtos que contém pouca ou nenhuma gordura trans em sua composição. Além do mais , a pesquisa concluiu que estes produtos estão bem distribuídos em relação as diferentes regiões socioeconômicas.

Apesar da oferta de alimentos livres de gordura trans ser ampla, a pesquisa mostrou que os produtos que possuem gordura trans são mais baratos e, portanto, mais acessíveis e atraentes do ponto de vista financeiro. Por isso torna-se necessário o consumidor ter acesso as informações dos malefícios da gordura trans para poder fazer suas escolhas alimentares, visto que, um consumidor preocupado a primeiro momento só com o preço pode estar menos disposto a comprar um produto mais caro.

Tatiane também analisou a conformidade dos rótulos daqueles produtos que declararam ser livres de gordura trans. Infelizmente não há uma fiscalização constante das informações apresentadas nos rótulos o que gera, em alguns casos, informações incorretas. Em um determinado produto, o erro era visível aos olhos : o rótulo tratava de informações de porção de 30 g e somente de carboidrato possuía 30,6 g. Apesar disto, a nutricionista afirma que de uma maneira geral os dados nos rótulos estavam de acordo com a composição do produto.

A pesquisadora explica que as informações nos rótulos também causam confusão. Como não há um valor diário recomendado de gordura trans, o consumidor não possui nenhuma referência sobre o que aquela quantidade declarada representa. Assim , apenas aquele com maior instrução seria capaz de utilizar essas informações em suas escolhas alimentares. Por isso há a necessidade de intensificar a fiscalização e tornar os rótulos mais claros e simples a população, para que através destes possamos ter escolhas mais saudáveis.

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