ISSN 2359-5191

09/05/2012 - Ano: 45 - Edição Nº: 26 - Sociedade - Instituto de Relações Internacionais
Projeto do IRI discute a identidade latino-americana do Brasil

São Paulo (AUN - USP) - Sempre foi um desejo dos estudantes de Relações Internacionais possuírem um projeto de extensão universitária próprio. O Educar para o Mundo, coordenado pela professora Deisy Ventura, veio cumprir esse papel. “A ideia era fazer um projeto mais forte e ligado a questões internacionais, o que é muito inovador porque normalmente se pensa em extensão universitária como assistencialismo ou limitado aos temas tradicionais de assistência judiciária, muitos projetos de extensão seguem uma linha comum no Brasil”, ela explica.

O projeto teve início com uma preocupação específica quanto à imigração boliviana no bairro do Pari, mas hoje trabalha as questões migratórias em geral, particularmente a política migratória do Brasil e as normas sobre os estrangeiros no País. O Educar para o Mundo participa de diversos seminários acadêmicos, estudos e reuniões com diversas entidades que discutem a questão migratória e a legislação brasileira. O projeto também tem uma participação ativa na Escola Municipal Infante Dom Henrique, importante para a entrada do projeto na comunidade, onde são desenvolvidas diversas atividades relacionadas à imigração, direitos humanos, e mesmo atividades artísticas que permitam discutir o tema. A professora destaca: “Quando a gente chegou na escola a ideia era trabalhar com os estrangeiros, mas a gente se deu conta que muito mais importante era trabalhar com os brasileiros que discriminavam os estudantes estrangeiros” .

Deisy aponta a identidade latino-americana como um aspecto muito importante a se discutir, pois os brasileiros têm uma grande dificuldade de se ver dentro da América Latina, uma vez que é único país de língua portuguesa, teve uma colonização diferente, tem dimensões continentais e, hoje, por seu sucesso econômico, se encontra num nível de desenvolvimento assimétrico em relação aos outros países da região. A professora relembra também um resquício do colonialismo, pois o Brasil se vê mais parecido com os Estados Unidos, ou a Europa, do que com a própria América Latina. “Esse é um tema que sempre que a gente discute anima as pessoas. Uma das coisas que a gente tentou fazer é valorizar a identidade latino-americana e ver o nosso lugar nessa identidade, ver as nossas semelhanças que são imensas.” Ela completa: “Uma das atividades que a gente fez na escola foi ver como era o carnaval em cada país. Temos muitas coisas em comum, mas a indústria cultural, sobretudo, nos leva a saber o inglês, o francês a conhecer os cantores, os poetas, a literatura de outros estados”. Para ela, é extremamente importante também nos identificarmos como latino-americanos.

Sobre a importância desse projeto para os alunos do IRI, Deisy afirma: “A gente poderia ter feito um projeto de extensão sobre qualquer tema, mas o fato da gente ter feito um projeto sobre migrações é particularmente enriquecedor porque, por trabalhar com relações internacionais, frequentemente nos vemos na posição de estrangeiro”. Para a professora é muito fácil para o internacionalista encontrar estrangeiros com boa formação acadêmica e colocação profissional, mas o Educar para o Mundo dá a chance aos alunos de conviver com uma situação diferente, que é a realidade dos movimentos migratórios.

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