ISSN 2359-5191

15/11/2012 - Ano: 45 - Edição Nº: 111 - Meio Ambiente - Instituto de Estudos Avançados
Empresária e acadêmicos defendem a energia eólica

São Paulo (AUN - USP) - Aconteceu no dia 30 de outubro, no Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP, um debate sobre oLugar da Eólica no Planejamento Energético, mediado por José Eli da Veiga, professor no Instituto de Relações Internacionais (IRI), com os debatedores Osvaldo Soliano, do Centro Brasileiro de Energia e Mudança do Clima (CBEM) e Elbia Melo, presidente executiva da empresa ABEEólica. No evento, foi lançado o livroEnergia Eólica (Editora Senac, 215 páginas), parte de uma série de publicações que Eli da Veiga vem organizando. Os livro são sobre assuntos controversos, como alimentos transgênicos e energia nuclear, e trazem representantes acadêmicos para defender posições diferentes. No caso do Energia Eólica, no entanto, a oposição não foi tão drástica, pois “é difícil encontrar alguém absolutamente contra”, conta Veiga.

Fenômeno este facilmente compreendido diante das vantagens da energia eólica. Seu processo de barateamento e expansão no Brasil teve dois momentos, segundo Elbia Melo. O primeiro, em 2004, com o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa), do Ministério de Minas e Energia, do qual ela fez parte ao lado da então ministra Dilma Rousseff. Depois da crise do apagão, em 2001, devida principalmente à escassez de chuvas e consequente baixa nos reservatórios de água das hidroelétricas, “o Brasil percebeu a fragilidade de investir somente em uma matriz energética”, relata Elbia.

A necessidade em uma fonte alternativa era clara. Mas, em 2004, isso significava ir atrás de fontes mais caras. A eólica custava R$ 312 megawatt-hora (MWh), enquanto havia oferta de energia por R$ 85 MWh. “Como fazer isso politicamente?”, questionara Dilma para Elbia, e a conclusão a que chegaram foi que investir no começo para colher no futuro valia a pena.

O retorno veio mais rápido do que o previsto, e cinco anos depois, num leilão de compra de energia, a eólica fechou, sem subsídios, no valor de R$ 160 MWh. No último leilão, de 2011, o preço caiu para R$ 100. A queda significativa é possível devido ao modelo brasileiro de compra de energia, guiado pelo preço. A extrema competitividade da eólica é reflexo, no âmbito estrutural, do progresso da tecnologia e da qualidade dos ventos. “Os ventos brasileiros são melhores que os europeus, melhores que os americanos”, se orgulha Elbia.

O segundo momento de crescimento foi impulsionado pela crise econômica de 2008. A Europa até então era a principal consumidora de tecnologia das fontes renováveis não convencionais, e com a crise parou de investir nesse área, deixando o setor sem lugar para ir. “De repente surge na América Latina um locus de investimento”, conta Elbia. Os principais investidores são países fechados (China e Índia), deixando o Brasil atrativo. E a condição para financiamento do BNDES de que apenas 40% dos equipamentos sejam importados força a indústria a se instalar de fato no país, garantindo a sustentabilidade do mercado.

Vantagens dos parques eólicos
A indústria eólica permite que sem atividade econômica se desenvolvam. A instalação de um parque eólico traz, com cada Megawatt instalado, 15 postos de trabalho. Além disso, as terras utilizadas geralmente são arrendadas, fixando o homem na terra. A presidente executiva da ABEEólica conta a história de uma família que vivia na linha da pobreza e passou a contar com R$ 500 mensais pelo aluguel, além de ter os filhos trabalhando na usina. E como o equipamento ocupa por volta de 3% da área no espaço instalado, é possível desenvolver outras atividades ali, como agricultura e agropecuária.

A emissão de gás carbônico, após instalação da torre, é nula. “Claro que não existe nenhuma atividade humana que não cause impacto, mas o que importa para a sociedade é saber precificar isso”, diz Elbia. Eli da Veiga também chama a sociedade para a discussão, declarando que “sustentabilidade é um conceito que surgiu há pouco tempo mas é tão importante quanto liberdade, igualdade e fraternidade”.

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