ISSN 2359-5191

13/12/2002 - Ano: 35 - Edição Nº: 26 - Ciência e Tecnologia - Instituto de Química
Parceria entre laboratórios da Universidade viabiliza reações mais eficientes

São Paulo (AUN - USP) - A pesquisadora Solange Kazumi Sakata introduziu na Universidade, a partir de conhecimentos adquiridos no exterior, um laboratório voltado para a biocatálise, uma técnica cada vez mais utilizada pela indústria química, especialmente a de fármacos. O Laboratório de Química Fina da USP – cujo chefe é o professor João Valdir Comasseto – iniciou seus trabalhos em maio do ano passado, quando Solange retornou da Universidade da Califórnia, nos EUA, onde realizou seu pós-doutorado.

Biocatálise ou biotransformação são reações em que um dos agentes catalisadores é uma substância produzida por um ser vivo, que a sintetiza porque o contato com o substrato (reagente) o estimulou. A substância, geralmente uma enzima, produzida biologicamente modifica o substrato, resultando no composto que se deseja obter em laboratório. Uma das maiores vantagens da biocatálise é que as reações não produzem resíduos se controladas adequadamente, ou seja, têm um rendimento muito maior do que nas reações convencionais. Implica, portanto, grande redução de custos.

No trabalho de Solange, utilizam-se bactérias como participantes das reações. “O objetivo da biotransformação é introduzir compostos conhecidos em um meio de cultura e observar como a bactéria modifica esse composto, através das enzimas que produz”, explica Solange Sakata. Para obter o composto almejado – um intermediário na produção de remédios – a pesquisadora precisa da enzima oxigenase, comumente produzida por bactérias que degradam poluentes do petróleo.

Um dos laboratórios do Instituto de Ciências Biomédicas, o ICB II – que desenvolve, além de outros projetos, pesquisas com bactérias biodegradadoras de poluição –, fornece as bactérias para o Laboratório de Química Fina. Segundo Solange, “uniu-se a química e a biologia. Aqui na USP ainda não existe muito essa interdisciplinaridade”. A biocatálise já é um processo bem praticado no mundo. A novidade é que o estudo na USP objetiva conhecer as bactérias do Brasil. “Assim, nossa pesquisa é enriquecedora sob dois aspectos: reforça a interdisciplinaridade entre os institutos da Universidade, além de complementar a literatura, catalogando o papel e ação das bactérias coletadas no Brasil, mais precisamente em Cubatão, estado de São Paulo. Algumas bactérias que utilizamos, por exemplo, não estavam descritas na literatura como degradadoras. Nós descobrimos que são”.

No futuro, assim que se encontrar a bactéria ideal à realização das reações estudadas na Química Fina, pretende-se recorrer à biotecnologia. Através da técnica do DNA recombinante, serão sintetizadas bactérias que produzam somente a enzima especificada, no caso, a oxigenase, e que conduzam a reação apenas até a obtenção do composto desejado. As bactérias normais (não manipuladas geneticamente) continuam a degradar o substrato, sintetizando outros compostos, pela ação de outras enzimas, se não houver a interferência de uma laboratorista. A bactéria mutante, sintetizada em laboratório, será patenteada e poderá ser comprada, por exemplo, por uma indústria que se interessar pela sua atividade química.

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