A exposição Classicismo, Realismo, Vanguarda: Pintura Italiana no Entreguerras, em cartaz desde 31 de agosto na nova sede do Museu de Arte Contemporânea da USP, ganhou um catálogo no final de outubro.

A mostra é resultado de um trabalho de pesquisa de Ana Gonçalves Magalhães, docente da unidade. Segundo ela, o catálogo, que é um volume da coleção MAC Essencial, é uma maneira de documentar o trabalho já realizado. É a primeira vez que esse conjunto de obras é publicado, juntamente com as fichas catalográficas atualizadas. “Sistematizar essa informação é de fato dar um guia, praticamente, para que as pesquisas futuras possam continuar”, completa a professora.

A exposição reúne 71 pinturas italianas, que foram adquiridas por Francisco Matarazzo Sobrinho, o Ciccillo, e sua esposa Yolanda Penteado para a criação do antigo Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM), entre os anos de 1946 e 1947. Esta coleção é uma das mais importantes de pintura moderna italiana da primeira metade do século 20 fora da Itália e a única representativa no continente americano.

Este conjunto de obras é tão significativo que a exposição teve grande repercussão na Itália: pelo menos três matérias sobre ela foram publicadas na imprensa italiana e há a proposta de itinerância da mostra para o país em 2016.

Também integram a mostra dez obras brasileiras, que tem relação com a produção artística da Itália no período, e alguns livros da biblioteca do artista Paulo Rossi Osir sobre arte moderna italiana. Todos os itens expostos pertencem ao acervo do MAC.

A coleção de pinturas italianas revelou um outro aspecto do modernismo europeu, cuja leitura até então era centrada no período de vanguarda e na Escola de Paris. Ela evidencia, ainda, a intensa troca entre o Brasil e a Itália do entreguerras no ambiente artístico modernista.

O objetivo inicial da pesquisa era reavaliar criticamente a catalogação dessas obras. Uma outra proposta era desconstruir a ideia de que as coleções Matarazzo foram formadas a partir de gosto pessoal, sem um critério de seleção.

Parcerias

Cinco pinturas da coleção italiana possuem composições inteiras também em seu verso. Para realizar a análise física das superfícies das pinturas, utilizando técnicas não-destrutivas, o MAC contou com a colaboração de um grupo coordenado pela professora Márcia Rizzutto, do Departamento de Física Nuclear Aplicada do Instituto de Física da USP. Os testes evidenciaram informações importantes para a documentação das obras, bem com sobre seu histórico de conservação. Numa seção da exposição, são apresentadas as primeiras análises realizadas em dez pinturas.

O ambiente virtual da exposição também é resultado de uma parceria. Essa ferramenta foi desenvolvida dentro do projeto de pesquisa de doutorado de Cláudia Abrão de Araújo, orientada pelo professor Flávio Soares Corrêa da Silva, do Departamento de Ciências da Computação do Instituto de Matemática e Estatística da USP. O ambiente virtual é capaz de dar uma outra leitura sobre a exposição, como ressalta Ana, pois ele abriga a história das obras antes de sua chegada ao Brasil. Por outro lado, essa ferramenta também possibilita a publicação das análises que foram feitas sobre a conservação das pinturas.