Novas contribuições do design para a educação foram abordadas no Seminário Novas Arquiteturas Pedagógicas, organizado pela EACH-USP. O evento aconteceu no último dia 27, na biblioteca da FAU-USP.

Carlos Teixeira, professor brasileiro da Parsons School for Design, conduziu palestra com a intermediação de Ulisses Araújo, professor da EACH, líder do Núcleo de Pesquisas em Novas Arquiteturas Pedagógicas e organizador do evento. O núcleo existe desde 2010 e realiza pesquisas e intervenções no processo pedagógico, analisando novas ferramentas, como o design, que podem ser utilizadas para aperfeiçoar a aprendizagem.

Ideias e projetos, tanto da EACH quando da Parsons School, foram discutidos pela ótica da "ideação", segundo a qual um conjunto bem estruturado de informações é transformado em ideias pelo chamado design knowledge. Esse é um processo que envolve fatores como habilidade, estratégia, técnica, planejamento, gestão e estratégia.

Teixeira defendeu que boa parte dos projetos em design falham por produzir conhecimento, e não ideias que sejam rápidas e eficazes para resolver problemas não apenas de escolas mas, também, de instituições como hospitais e empresas em geral.

Em meio a acadêmicos de várias áreas, ele esclareceu que o design, “disciplina para criar o novo”, se diferencia da tradicional produção de conhecimento científico por exigir ideias baseadas em soluções práticas a problemas variados e por não acumular conhecimento teórico. No entanto, ele afirmou que “todos nós fazemos design”, ressaltando a capacidade de criação e interferência inerente ao gênero humano: “o homem é o único animal que pode transformar e pensar no futuro”.

Quando questionado sobre os projetos de formação de professores pelo núcleo que lidera na EACH, Araújo expôs as dificuldades de fazer os professores trabalharem em equipe na criação de projetos de inovação. Os docentes teriam problemas ao pensar que precisam ser especialistas para criar projetos quando, na verdade, o uso de novas alternativas pedagógicas seria justamente uma ferramenta de promoção da cidadania e inclusão nas escolas.

O pesquisador da Parsons School também detectou que “o professor cria o ambiente, mas não deixa o aluno falhar”, sinalizando que a intervenção direta no processo criativo por parte do docente faz com que os alunos se enganem e não dominem as estratégias de criação. Ele assumiu que deve-se voltar a estimular abertamente o processo criativo, comum na infância, mas quase inexistente na fase adulta e no ambiente acadêmico.

Uma ressalva foi dada por Teixeira a professores e alunos, que expressou o caráter intuitivo e especulativo dos projetos em design. Ele defendeu o chamado social emotional learning, teoria de inteligência emocional que afirma que as emoções determinam o conhecimento, e não o contrário. “Os alunos devem aprender a ler suas emoções”.

Também participaram do evento Reinhold Steinbeck, da Universidade de Stanford, e Edgar Stuber, ambos sócios da IntoActions, empresa de consultoria em inovação.

O próximo seminário acontece no dia 15 de abril, na Poli-USP, com horário a confirmar. Para mais informações, acesse o site do grupo http://nap.usp.br/npnap.