Chuvas de grandes proporções sempre assolaram nosso subcontinente. Quase sempre inesperadas, nossas monções, não raro se apresentam imprevisíveis para os modelos meteorológicos que temos hoje ao nosso alcance. E isso traz suas conseqüências para as populações afetadas, sem aviso, por inundações, deslizamentos e outras tragédias humanitárias promovidas por essas forças da natureza. Somente em 2007, os estragos advindos desses tipos de fenômenos atmosféricos na região somaram mais de US$ 400 milhões. Todavia, felizmente, talvez agora haja um instrumento para se prevenir dessas possíveis catástrofes que se prevêem tornarem-se cada vez mais freqüentes, visto as mudanças climáticas experimentadas nas ultimas décadas no planeta.
Através de investigações atentas e diversos processamentos por meio de super-computadores de dados atmosféricos coletados ao longo de 15 anos por satélites da Nasa, uma equipe de físicos que envolve alemães e brasileiros, como Henrique M.J. Barbosa, da USP, e Niklas Boers, do PIK (Potsdam Institute for Climate Impact Research), contam que, em função da abordagem inédita desses dados brutos por técnicas matemáticas de análise de sistemas complexos, a equipe que envolve alemães e brasileiros descobriu, observando os eventos extremos de precipitação na região de Buenos Aires, um retrato mais fiel do que realmente dirige a esfera meteorológica sul-americana.
Guiando-se pela matemática de comparação de dados, o grupo constatou que, contra a compreensão atual, as chuvas intensas que se originam na área de Buenos Aires (Argentina), se propagam contra o sentido do vento. Isto é, os ventos úmidos que descem da linha do equador para o sul do continente não determinam, de certa forma, a direção das chuvas. As monções inesperadas que acontecem nos contrafortes andinos da Bolívia e Argentina se propagam de maneira oposta ao vento que as alimenta da umidade necessária para se criarem.
A descoberta indica o princípio para um novo dispositivo em prol da expansão do conhecimento na área da meteorologia. Onde os antigos modelos falharam, a recente maneira de se abordar a questão, através da técnica usada por Henrique M.J. e Niklas Boers, pode revelar-se revolucionária para outros cenários. Pelo menos de imediato, o que foi desvelado pela equipe acerca dessas chuvas, embora tenha sido difícil de ter sido descoberto em primeiro lugar, agora com as constatações postas “em pratos limpos” é fácil para qualquer especialista aplicá-las para futuras previsões. “Tão fácil que qualquer um com um smartphone poderia calcular”, brinca Niklas.