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por Daniel Fassa

 

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Foto crédito: Francisco Emolo
Casados há três anos e meio, Juciele e Alexandro contrariaram as estatísticas e adotaram as irmãs Aline, Olga e Joanita

 


A psicóloga Sílvia Penha, da Cejai-SP, acredita que esse fenômeno se deve à idéia equivocada de que é mais fácil educar recém-nascidos, bem como à falta informações sobre a quantidade de crianças mais velhas precisando de adoção. A psicanalista Márcia Porto Ferreira, coordenadora do grupo de estudos sobre adoção do Instituto Sedes Sapientiae, pensa de maneira semelhante: "O ser humano não tem uma previsibilidade do que vai acontecer necessariamente com ele. Assim como existem filhos biológicos que trazem grandes preocupações, há crianças adotadas que trazem também". Ambas ressalvam, ainda, que crianças maiores podem trazer marcas da infância, mas que isso não é necessariamente ruim.

Na contramão dessa tendência, Juciele Borges Cristóvão, inspetora da Escola de Aplicação, e Alexandro Fonseca da Silva, motorista da Coordenadoria de Comunicação Social, casados há três anos e meio, acabam de adotar três irmãs: Aline, de 7 anos, Olga, de 8, e Joanita, de 10. Os dois sempre tiveram vontade de fazer uma adoção e, diante das dificuldades de Juciele para engravidar, não tiveram dúvidas e saíram à procura de seu futuro filho. Para ela, não importava a idade. Ele queria um bebê. Mas os dois concordavam que adotariam apenas uma criança.

Ao visitar um abrigo no bairro da Casa Verde, conheceram suas futuras filhas. Tentaram, sem sucesso, adotar Aline, a mais nova. A equipe técnica da Vara da Infância e da Juventude colocou a condição: ou levavam as três, ou não levavam nenhuma. "Ficamos muito arrasados nesse dia. Aí o Alexandro chegou em casa e falou - 'você tem amor para dar para as três?'", conta Juciele.

No dia seguinte, o casal fez o pedido de adoção de Aline, Olga e Joanita. Em 29 de junho de 2007, elas finalmente chegaram à nova casa. "Nós tivemos que fazer toda uma análise das nossas condições [financeiras] com elas. Não tem luxo, mas não acho que nem elas e nem nós estamos querendo luxo", afirma a mãe de primeira viagem. As dificuldades de convivência são inevitáveis, mas não desanimam Juciele: "São duas famílias que estão se conhecendo, tentando formar uma família só. É um processo bem difícil. Temos tido muitas dificuldades, mas também muitas alegrias".

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