Instituto de Letras, Departamento de Teoria Literária e Literaturas
Este texto discute o sentido da criação com as sobras, especialmente no mundo Contemporâneo, caracterizado, entre outros aspectos, pela exacerbação do consumo e pelo esgotamento dos recursos naturais. Parte da observação do trabalho dos artistas Marcos Chaves, Arthur Bispo do Rosário, S. Gabriel Joaquim dos Santos e Frans Krajcberg e propõe uma aproximação entre eles em função de uma característica comum: o aproveitamento, em suas criações, do que é considerado lixo, sucata ou resto. O conto “Partida do audaz navegante”, de João Guimarães Rosa, é analisado ao lado da obra desses artistas e interpretado como uma alegoria do processo criativo que se realiza pelo aproveitamento das sobras. A poesia de Manoel de Barros perpassa todo o texto, contribuindo para a reflexão acerca das sobras na criação, uma vez que o poeta enfatiza a sua opção pelos seres, palavras e coisas desimportantes.
Este trabalho tem como objeto de estudo o romance de Guimarães Rosa, Grande Sertão: Veredas (1956), e a partir da obra literária destacaremos o protagonismo e a importância da personagem de Diadorim na narrativa. Diadorim transcende a história narrada com uma enorme coragem e luta, e dentro dessa luta podemos vislumbrar algumas perspectivas do movimento feminista. Os traços das pautas do movimento feminista estão dispostos na obra de forma sutil e secundária, porém ela merece atenção e relevância no discurso da narrativa. A motivação deste trabalho está em analisarmos a personagem Diadorim, tão marcante em Grande Sertão: Veredas, para que possamos enxergar através de sua travessia os traços de uma realidade que rege o destino de sua vida. Um reflexo da realidade que apontaremos de acordo com a perspectiva de György Lukács, através do estudo do realismo que está dialeticamente ligado as conexões e relações entre os seres humanos. O percurso deste trabalho percorre a construção da personagem e os apontamentos diante da sua dualidade embasada teoricamente nos estudos da própria obra e da pesquisa de Adélia Meneses (2010). Através da personagem construiremos um panorama sobre a construção narrativa que envolve o estudo das vanguardas, do regionalismo e do realismo dispostos na obra, embasada a partir da abordagem teórica de Antonio Candido, Eduardo Coutinho (1993), David Arrigucci Jr. (1994), Luiz Roncari (2007), Alfredo Bosi (1993), dentre outros. Após a construção da personagem e do embasamento teórico em torno da narrativa, iniciaremos a análise de trechos que dispõe momentos na obra em torno de Diadorim que caracterizam o movimento feminista, que será apoiada teoricamente pelos estudos históricos de Constância Lima Duarte (2003), Cynthia Andersen Sarti (2004), Teresa de Lauretis (1987), Simone Beauvoir (1970); além da centralização do tema feminista, também daremos destaque ao discurso que percorre o tom do machismo disposto de forma cultural e naturalizada em Grande Sertão: Veredas.
Este trabalho tem como objeto de pesquisa dois romances: Grande Sertão: Veredas (1956), de João Guimarães Rosa e Anna Kariênina (1877), de Liev Tolstói. O objetivo do presente estudo é analisar algumas personagens femininas dos romances citados, visto que, através da pesquisa, buscaremos compreender o lugar subversivo que as personagens femininas ocupam nos romances. Para cumprir tal objetivo, o referencial teórico deste trabalho é composto, principalmente, por teorias e críticas literárias de György Lukács, Aleksandra Kollontai, Silvia Federici, Teresa de Lauretis, Teresinha Schmidt, etc. Uma vez que, a tendência teórica a ser utilizada neste trabalho diz respeito ao materialismo histórico dialético e a questão de gênero. O trabalho apresenta a seguinte composição: num primeiro momento, analisaremos o papel subversivo das personagens femininas em Grande Sertão: Veredas (1956). Com isso, diante de um segundo momento, faremos um breve discurso sobre as possíveis conexões interpretativas dos romances. Por fim, na última parte, analisaremos o lugar subversivo das personagens femininas em Anna Kariênina (1877). Dessa forma, após uma análise interpretativa das narrativas e da relação entre leitura literária e análise crítica e teórica, concluiremos o objetivo deste trabalho, que diz respeito a análise das personagens femininas nos romances e o lugar subversivo que as personagens ocupam diante das interpretações e dos argumentos dispostos nesta dissertação. A partir dessa análise, podemos perceber a importância da representatividade feminina na análise crítica literária e nas referências das práticas sociais no cotidiano.
Instituto de Letras, Departamento de Teoria Literária e Literaturas, Programa de Pós-Graduação em Literatura
Este trabalho consiste em um estudo acerca da dialética entre literatura e sociedade no romance regional brasileiro. Diacronicamente, são analisados os romances O sertanejo, de José de Alencar, S. Bernardo, de Graciliano Ramos, e Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa. O objetivo da tese é demonstrar de que modo, ao longo do tempo, os antagonismos sociais próprios do Brasil rural foram transfigurados esteticamente pelos romances cuja matéria se formou na experiência rural brasileira. As pesquisas apontaram que, no cerne desses romances, encontra-se formalizado o conflito entre proprietários e despossuídos, em torno do qual gravitam temas a ele relacionados, como amor, violência, trabalho, liberdade e favor. O embasamento teórico advém da tradição crítica materialista dialética, especialmente Antonio Candido, Roberto Schwarz e Raymond Williams.
Instituto de Psicologia, Programa de Pós-graduação em Psicologia Clínica e Cultura
O presente trabalho tem como objetivo demonstrar a universalidade do tema da ambivalência ao analisar sob a ótica da psicanálise personagens de alguns contos de Guimarães Rosa. Dois livros da obra de Guimarães Rosa foram analisados: Primeiras Estórias e Tutaméia. Destes, quatro contos foram selecionados para interpretação: Desenredo, Se Eu Seria Personagem, Os Cismos e A Terceira Margem do Rio. Buscou-se apontar o conceito de ambivalência da psicanálise, como sintoma e como fator constituinte do psiquismo. Foi proposta uma reflexão acerca da relação entre psicanálise e literatura. Apontamos temas fundamentais da técnica e da teoria psicanalítica, como luto, transitoriedade e fantasia. Compreendemos como a ambivalência se apresenta nos personagens dos contos selecionados. A metodologia aplicada foi o uso do método psicanalítico para a interpretação de textos, no qual o psicanalista se coloca em uma leitura flutuante, atento às perturbações que a escrita provoca no leitor. Estudos e teorizações da psicanálise freudiana, kleiniana e winnicottiana, e de psicanalistas contemporâneos trouxeram aportes para o estudo da ambivalência e de outras temáticas importantes na análise dos contos. Conclui-se que os personagens dos contos de Guimarães Rosa conseguem retratar esta dinâmica interna do sujeito: ambivalência e constituição psíquica, o que possibilita a universalização da temática e a abertura de novas discussões, por se tratar de uma questão essencial da constituição do sujeito. A compreensão desse sujeito no mundo possibilita novas formas de ajuda a esse sujeito, que é o que fundamentalmente a psicanálise busca: entendimento, possibilidades de elaboração, modificação dos sofrimentos e sintomas.
Instituto de Letras, Departamento de Teoria Literária e Literaturas
O presente trabalho é uma análise do episódio da Fazenda dos Tucanos, do livro "Grande Sertão: veredas", de João Guimarães Rosa. O estudo tem como base a Teoria Ator-Rede, de Bruno Latour, e a interpretação do episódio a partir de três grandes planos em articulação, a saber: “espaços de mudança”; “personagens em transformação” e “narrativas da mudança, narrativa em transformação”. O livro Grande sertão: veredas é visto como uma narrativa em rede, cuja multiplicidade é constituinte e contempla diferentes pontos em articulação. Esses pontos atuam como nós semânticos, dos quais um dos mais importantes é o episódio da Fazenda dos Tucanos. Os signos que compõem o episódio tem como única constante as idéias de mudança e transformação, que são, por sua vez, a tônica de todo o livro. Assim, o episódio da Fazenda dos Tucanos revela-se um microcosmo de Grande sertão: veredas, condensando os grupos, os desenvolvimentos e os pressupostos da narrativa.
Este estudo apresenta um diálogo entre obras de escritores brasileiros atuantes na década de setenta, durante a ditadura militar brasileira pós-64, e livros de escritores anteriores cujas obras estão situadas no âmbito do século XX. Procura-se expor a relação produtiva, intrínseca à sua realização estética, formal e temática, que esses romances estabelecem entre si, e seu significado amplo em termos de crítica e historiografia literária. Os escritores abordados são: Machado de Assis, Graciliano Ramos, Guimarães Rosa, Clarice Lispector, Antonio Callado, Osman Lins e João Ubaldo Ribeiro. A base teórica fundamental para o estudo dessas relações está baseada na obra de Erich Auerbach e de estudiosos brasileiros, como Antonio Candido.
Centro de Excelência em Turismo, Programa de Mestrado Profissional em Turismo
O Mosaico Sertão Veredas-Peruaçu foi idealizado com o objetivo de reunir e valorizar as culturas das comunidades locais nas regiões norte e noroeste de Minas Gerais. Percebe-se em seu contexto cultural a apropriação da obra Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa, pelo turismo através das representações da cultura sertaneja e dos próprios elementos socioculturais constituintes do livro. Este processo de ressignificação do universo sertanejo e roseano acontece via gestores, visitados e visitantes e de um roteiro turístico proposto que corrobora para a aplicação do conceito de turismo literário nas ações ali desenvolvidas. Esta pesquisa parte do entendimento sobre a definição de lugar literário como proposto por David Herbert (2001), enfatizando o conceito de turismo literário de Magadán e Rivas (2012), e apresentando noções que caracterizam o leitor/turista e/ou turista/leitor, assim como as motivações que os levam a buscar tais destinos. Discute-se a abordagem cultural do turismo na contemporaneidade a fim de situar a modalidade de turismo literário como uma abordagem que se preocupa com o desenvolvimento social e com a valorização das comunidades locais, de suas tradições, costumes e modos de vida. A teorização embasa-se no entendimento do imaginário social proveniente das ações desenvolvidas no Mosaico, nas representações que surgem do processo de apropriação e na própria análise das narrativas dos agentes que compõem o lugar-objeto deste trabalho. As narrativas coletadas e interpretadas à luz da história oral permitem visualizar a aplicação da definição de turismo literário e apreender sobre as ressignificações e representações presentes no discurso e no imaginário dos entrevistados que ora corroboram para a manutenção de uma identidade social dos moradores locais e do próprio lugar enquanto destino turístico literário.
Dividida em três capítulos, esta dissertação se propõe a pensar a
temática do luto no Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa, principalmente na reação de Riobaldo à morte de Diadorim. Em um primeiro momento, a leitura do romance é feita com base nas concepções de dois pensadores do luto, Sigmund Freud e Jacques Derrida – o primeiro com uma perspectiva de um luto superável, enquanto o segundo, ao inseri-lo em uma esfera ética e engendrar crítica à compreensão freudiana, considera o luto um processo impossível. Em seguida, procura-se descrever o luto do narrador e demonstrar que ele contém características singulares, nomeando-o “luto manejável”, sendo esse aquele que se faz por uma outra metade de si. Por fim, intenta-se reconhecer na própria linguagem do romance – em procedimentos tal quais o anacoluto ou a repetição – as
marcas desse processo, aproximando-o finalmente do gênero diário de luto.
Instituto de Letras, Departamento de Teoria Literária e Literatura, Programa de Pós-Graduação em Literatura, Mestrado em Literatura e Práticas Sociais
A recorrência enfática do uso de termos semanticamente relacionados ao
olhar, aos olhos ou ao ato de ver apresenta-se de forma bastante significativa nos textos de João Guimarães Rosa, o que sugere haver uma significação própria e relevante do uso desse signo para a obra do autor. Este trabalho visa analisar a relevância do uso desse signo tanto sob uma perspectiva de seus significados
quanto da estruturação das obras rosianas. A partir das leituras desenvolveu-se a acepção de que o ato de ver represente uma forma pela qual os personagens de Rosa descobrem o mundo e a si mesmos, levando-os a uma longa travessia epifânica de encontros e desencontros com o mundo. O sentido da visão adquire um estatuto de descoberta, revelação, epifania, esclarecimento. Assim, seus personagens serão guiados a ver de um modo renovado, o que os fará deparar-se com alegrias e angústias, felicidade e tristezas, porque saber é também doloroso. Visa-se, assim, compreender, na interpretação do romance Grande sertão: veredas, uma travessia constituída a partir do ato de ver, em que a trajetória de aprendizagem de Riobaldo é um elemento essencial da assimilação desse modo de ver não limitante.
"Nas veredas do humor e da alegria" analisa a presença e a função do humor na fabulação de "Grande Sertão: Veredas" bem como a sua importância no processo de recepção e significação da obra. Considerando o humor como uma categoria que se distingue do cômico e não corresponde a um gênero literário propriamente dito, destaca-se a qualidade peculiar do humorismo presente na obra. Assim, a análise do humor leva a um tema significativo em "Grande Sertão: Veredas": a alegria, vista como um afeto e uma paixão. Dessa forma, utiliza-se da filosofia de Baruch Spinoza encontrada na "Ética", a qual oferece um estudo exemplar dos afetos e uma explicação para estado de alegria misturada à tristeza que colore o humor do narrador. Nesse sentido, o motivo da "travessia" encontrado na obra é tomado como uma travessia perpetrada pelos afetos, dos quais destacamos a função da alegria. _______________________________________________________________________________________ ABSTRACT
Este trabalho tem como base analisar os contos de guerra, de Guimarães Rosa, presentes na obra "Ave, Palavra", e aprofundar o estudo nas questões do exílio sentido pelo autor durante o período em que trabalhou na Alemanha. A pesquisa tem como base as reflexões de exílio e de vida do autor Edward Said e seu distanciamento de sua cultura de origem para solidificar o argumento de que Rosa também se sentia estranho em seu "não-lugar".
Programa de Pós-Graduação em Teorias Literária e Literaturas
Esta dissertação objetiva analisar a representação do outro em Grande sertão: veredas, de João Guimarães Rosa, tendo em consideração, principalmente, a representação dos personagens catrumanos do Alto Urucúia e do povoado do Pubo. Todavia, resta destacar que a representação dos catrumanos é parte significativa da representação intrínseca à totalidade da obra, esta, por sua vez, profundamente marcada pela dialética forma literária e processo social. Inicialmente, abordaremos a matriz crítica do romance, a saber, os estudos de Antonio Candido e de M. Cavalcanti Proença, procurando confrontar as duas leituras, no sentido de estabelecer diálogos e convergências fundamentais para compreensão tanto da obra rosiana quanto da fortuna crítica subsequente. Em seguida, o conceito de representação utilizado neste trabalho será definido retomando alguns dos principais teóricos da mimesis. Também a relação entre teoria e crítica literária e seus desdobramentos serão abordados neste momento. A tradição literária brasileira e o enfrentamento, por parte dos escritores nacionais, da dicotomia narrador x personagem, problema representacional constitutivo da nossa literatura, serão pontos centrais de análise, a serem aprofundados na última parte do trabalho. Por fim, retomaremos os principais trabalhos de alguns críticos que estudaram mais detidamente os personagens catrumanos, para que tentemos avançar a discussão sobre o romance rosiano. Nesse sentido, será estudada a representação dos catrumanos como ameaça, em Grande sertão: veredas, tendo em vista os traços de primitividade e estranheza conotativos ao próprio substantivo, a forma narrativa, bem como os limites constitutivos da formação do país e da literatura.
O monólogo de Grande Sertão: veredas se constrói a partir da descrição do um mundo real: o sertão nacional regido pela violência típica do coronelismo naquele início de século. Essa realidade, todavia, situa-se tão distante do cotidiano dos brasileiros letrados, que termina parecendo muito mais próxima do mito do que de uma experiência factível. Desde o início do romance regional no Brasil, tais cenários e lendas têm oferecido um material riquíssimo para a fabulação e o fazer literário. Mas foi na experiência traumática, na violência das ações e dos discursos do sertão, que Guimarães Rosa buscou o universo de significados com os quais compôs sua obra capital. Através de uma fala cheia de exaltações, confissões e lamentos, Riobaldo expõe o testemunho de fatos espantosos, experiências da intensa barbárie ante a ausência das leis oficiais do país. Como garantia de construir um discurso relevante, o narrador procura resgatar uma certa “época dos heróis” e seus feitos extraordinários. Desse modo, os jagunços são apresentados não apenas como brutos agindo por instinto, mas também como sujeitos que encontraram na luta (ou na guerra) a única possibilidade de expressão. Numa constante procura pela verdade das coisas, o narrador depara a todo instante com a dualidade que existe nos significados de seu mundo, o ser e o não ser de tudo, a dialética entre bem e mal. Tal atitude faz parte da ambiguidade formal que perpassa todo o romance e culmina com uma atitude que pode apresentar a violência tanto como destrutiva quanto como reveladora das virtudes humanas. Neste estudo proponho que a violência seja o elemento estruturante do romance de Guimarães Rosa, uma vez que, desde o conteúdo até a forma, as imagens da violência conferem uma força singular ao discurso da obra.
Instituto de Letras, Departamento de Teoria Literária e Literaturas
S. Bernardo, de Graciliano Ramos, e Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa, tratam da modernização por meio da tentativa de resgate de um modo ainda arcaico de relação social e da linguagem popular. Demonstram, em sua forma, a dialética entre o local e o universal em âmbito literário e em sua realização na sociedade brasileira. Dentro da importante relação entre a forma literária e o processo social, a partir das relações dos narradores, Paulo Honório e Riobaldo, com seus personagens, inseridos na narrativa de momentos da modernização do país, buscou-se trabalhar nesta dissertação questões de distanciamento e aproximação entre as formas estéticas, seus períodos históricos e suas manifestações literárias, na busca por verificar a relação que se estabelece entre esses autores e o sistema literário brasileiro, dentro da evolução da narrativa regionalista ficcional, bem como para se perceber o que levou e que resultados possíveis essas narrativas possuem no sentido em que são percebidas como construções de significação do real. Para o aprofundamento nestas questões, buscou-se um estudo da construção e do papel do narrador em S. Bernardo e em Grande Sertão: Veredas, na tentativa de assim aproximar mais a obra do processo de formulação literária da história nacional, intimamente relacionada com as tentativas de modernização econômica, política e social. A partir de uma dupla temporalidade, na forma estética e na história brasileira, mostra-se, então, a narração de um processo mediador da história da nação, percebido pela perspectiva particular de seus narradores. Como caracterização da literatura moderna, o autoquestionamento se apresentou em S. Bernardo e em Grande Sertão: Veredas como parte necessária de compreensão da história nacional e fundamentação do trabalho do escritor. O problema de representar o outro acaba por se manifestar como elemento estruturante da própria narrativa e manifesta-se a partir da preocupação dos narradores Paulo Honório e Riobaldo em como vão construir suas narrativas, de que forma se dará a relação delas com o mundo literário e como se dará o discurso literário em sua aproximação com a oralidade e com a cultura popular. Portanto, esta dissertação buscará problematizar a literatura como forma de conhecimento, a partir do que ela própria apreende sobre o conflito que se estabelece entre a particularidade do país e a forma ideológica de percepção e relato do mundo, manifestada na estruturação literária, como problema social, histórico, político e estético.
Instituto de Letras, Departamento de Teoria Literária e Literaturas, Programa de Pós-graduação em Literatura
Este trabalho busca verificar nas apropriações, intertextos e interdiscursos das artes contemporâneas, como os recursos estéticos verbais e não verbais enriquecem as produções e ampliam a forma de se comunicar sentidos e alteridades. Na análise dos intertextos e das transposições de obras de linguagem verbal em obras de linguagem não verbal, pretende-se verificar como se realizam as acomodações aos recursos estéticos próprios de cada linguagem, sem se desfazer os vínculos com a obra original. O conto A terceira margem do rio, de João Guimarães Rosa, por ter influenciado a produção de diversas outras obras, é o ponto de partida deste estudo interartes. As diferentes expressões de alteridade na literatura e nas artes visuais, bem como os limites da linguagem visual em confronto com os limites da linguagem escrita para expressar sentidos e significados, são analisados a partir da transposição do conto de Guimarães Rosa para a canção de Caetano Veloso e, desta, para a instalação artística de Guto Lacaz. As três obras são homônimas, o que denuncia de imediato a ocorrência do intertexto. As questões de alteridade suscitadas pelas obras são averiguadas à luz dos estudos dos filósofos Emmanuel Levinas, Paul Ricoeur e Jacques Derrida. Ao final, por meio da análise de um caso concreto, este estudo pretende demonstrar como as transposições de linguagens artísticas podem ser incentivadas no ambiente escolar, a fim de proporcionar expressão artística e literária aos estudantes, partindo-se da leitura e interpretação de poemas.
Instituto de Letras, Departamento de Teoria Literária e Literaturas
Privilegia-se nesta dissertação a análise da interação conversacional que se dá no romance Grande sertão: veredas, de João Guimarães Rosa. Partindo de estudos anteriores que afirmam estarmos aí diante de um monólogo, este trabalho pretende – na direção oposta – sustentar que a longa fala de Riobaldo carrega indícios conversacionais que apontam para a ocorrência de uma interlocução, ou seja, para a presença real de um Interlocutor, cuja voz aí transparece em forma de eco. Assim, faz-se, aqui, um rastreamento dos sinais conversacionais que delimitam os papéis dos dois interlocutores, bem como um delineamento do perfil do Interlocutor, tudo com o intuito de demonstrar a realidade dialógica da obra.
Departamento de Teoria Literária e Literaturas / Mestrado em Literatura Brasileira
Apresenta a Dissertação de Mestrado de Tânia Rebelo Costa Serra, que discute a seguinte hipótese de trabalho: Grande Sertão: Veredas seria o processo de individuação de Riobaldo e se Riobaldo evidencia um processo do tipo descrito, então Rosa esta, como o "homem moderno", em busca desse equilíbrio.