Este artigo visa a discutir a recepção crítica de Corpo de Baile, de Guimarães Rosa, à luz do conceito de experiência estética formulado por Jauss (1979). Com base na hermenêutica literária proposta pelo pensador alemão, pode- se interpretar Corpo de Baile como a exaltação à literatura e ao corpo da linguagem. É possível pensar o ciclo narrativo como ciclo poético, elaboração formal e critica fundidos em um único objeto estético, e, ao mesmo tempo, refletir sobre a dimensão estética do homem. Buscar a hermenêutica para compreender a obra literária conduz-nos a perceber distinções fundamentais, tais como entre livro e mundo, objeto interpretado e sujeito interpretante. Assim, para uma compreensão de Corpo de Baile, é preciso minimizar as manifestações implícitas de Guimarães Rosa, a fim de superar uma estética centrada no autor. Pensando a experiência estética em Corpo de Baile– projeto literário múltiplo, cuja configuração temática e formal ainda se discute- com fundamentação na tríade aishesis, poesis e katharsis, não se visa somente examinar a recepção crítica de Guimarães Rosa, mas, sobretudo, se coloca a questão da dimensão estética.
O trágico tem sido estudado na recepção crítica de Guimarães Rosa: Kathrin Rosenfield, Eduardo Coutinho e Evelina Hoisel, tornando-se necessário analisar e confrontar as interpretações propostas, em busca de possíveis constantes hermenêuticas e relações entre as principais teorias da tragédia e/ou trágico (Aristóteles, Schiller, Schopenhauer, Nietzsche, etc.) e a obra do autor mineiro.
Considerando que a psicanálise é uma das diversas maneiras de relacionar literatura e sexo, o objetivo do artigo é abordar questões de método quanto à leitura de narrativas ficcionais na crítica de Adélia Meneses. Assim, identificamos e discutimos pontos-chave das principais referências de Meneses para a leitura psicanalítica. O corpus são escritos que vão de Do poder da palavra até Cores de Rosa, englobando textos teóricos e a recepção crítica de Graciliano Ramos e Guimarães Rosa.
Nesse artigo iremos analisar o conto “Fatalidade” do livro, “Primeiras Estórias”, publicado pela editora José Olympio no ano de 1962 de João Guimarães Rosa (1908-1967), cujo enredo se passa na vida caipira, e a temática é a tragédia como o título do conto já nos diz. Essa análise baseia-se nos autores Regina Zilberman (1989) e Hans Robert Jauss (1994) e suas respectivas teorias sobre a história da literatura e a recepção crítica literária. Com o objetivo de realizar uma leitura mais aprofundada das características abordadas na vida no sertão, como sabemos a valorização do mundo sertanejo é ponto forte nas obras roseanas, mais especificamente a violência no sertão. A justiça é realizada sem nenhum pudor pelos personagens, e até que ponto pode-se considerar justo o ápice ou a fatalidade em questão no conto. Visando a inserção do leitor não apenas como passivo, mas como ativo na leitura, na compreensão e na recepção do conto com base nos autores já citados, assim tornando o leitor o principal elo do processo literário.
Este estudo pretende examinar a recepção crítica voltada para a análise dos aspectos estilísticos e linguísticos da obra de João Guimarães Rosa (1908-1967). Na década de 1950, durante seu auge, a teoria estilística, principalmente a de origem espanhola, exerceu grande influência sobre crítica literária brasileira. Este evento coincidiu com o impacto do lançamento de duas das mais importantes obras do ficcionista mineiro, Grande sertão: veredas (1956) e Corpo de baile (1956), em grande parte devido à linguagem, que é um amálgama de popular e erudito e detentora de grande poder de sugestão. Como fruto deste acaso, no mesmo horizonte da obra, surgiram os estudos que formaram a primeira recepção e, entre estes, os que se dedicaram a analisar os diferentes recursos utilizados por Guimarães Rosa para compor o seu sertão-linguagem, o que justifica a adoção da Estilística como método. Inseridos nesta corrente crítica estão os trabalhos que nos servirão de objeto de análise, a exemplo da crítica pioneira de Cavalcanti Proença (1905-1966), Trilhas no Grande Sertão (1958), e de trabalhos de outros estudiosos, como Oswaldino Marques (1916-2003), sobre Sagarana e outras publicações dispersas, e da professora norte-americana Mary L. Daniel (1936). Estes estudos, embora sejam discutíveis do ponto de vista metodológico, conforme será observado, tornaram-se peças incontornáveis dentro da fortuna crítica rosiana por sua contribuição à elucidação da obra. Um indicativo disso é a existência de trabalhos mais recentes que ainda ventilam categorias consideradas pela Estilística como o léxico, que surge em estudos de Nei Leandro de Castro e Nilce Sant'Anna Martins. Como método utilizado nesta dissertação de Mestrado, lança-se mão da hermenêutica literária formulada por Hans Robert Jauss (1921-1997) com o objetivo de analisar a recepção crítica de uma abordagem específica, a Estilística, e destacar sua relevância para a compreensão da obra de Guimarães Rosa no período imediato à publicação, assim como propor uma confrontação desta recepção com estudos posteriores que se balizam no mesmo campo de análise. Igualmente, objetiva-se evidenciar a importância do leitor para a (res) significação do material ficcional, aqui representado pelo crítico literário, um leitor diferenciado capaz de oferecer propostas interpretativas e guiar a leitura dos leitores comuns.