Entre as narrativas de Corpo de baile, “Buriti” destaca-se pela presença de personagens femininas marcantes, como as irmãs Maria da Glória e Maria Behu, cuja composição incrementa o discurso poético do texto de modo distinto, ora favorecendo apelos eróticos, ascendentes, ora imprimindo signos de imobilidade, descendentes. Este artigo analisa a relação entre os modos de ser e de agir dessas personagens e a dicção poética de Guimarães Rosa, tomando-se a perspectiva de Miguel, um dos protagonistas. Para a pesquisa, foram utilizados referenciais teóricos acerca do discurso poético em geral, como O ser e o tempo da poesia de Alfredo Bosi e do gênero lírico em especial, como Conceitos
fundamentais da poética, de Emil Staiger e “A teoria dos gêneros” Anatol Rosenfeld, além de
ensaios sobre a produção rosiana, como os de Benedito Nunes e Eduardo Coutinho e especificamente sobre “Buriti”, A construção do romance em Guimarães Rosa de Wendel Santos. Os resultados da pesquisa evidenciam que a caracterização e o posicionamento das personagens selecionadas importam sobremaneira à manutenção e incremento do discurso poético, constituindo um acréscimo à elaborada produção do escritor mineiro.
Neste estudo analisa-se a obra Grande Sertão:veredas, de Guimarães Rosa, perscrutando as atitudes discursivas do narrador Riobaldo em relação a personagem Diadorim. Busca-se evidenciar no discurso factual do narrador em sua experiência vivida, aspectos que vislumbrem sua inquietação em virtude da paixão pelo amigo e, ao mesmo tempo, as paradoxais justificativas para esse sentimento, no intuito de defender sua masculinidade. Nesse contexto, é interessante perceber como Riobaldo projeta a imagem de Diadorim através da natureza, estabelecendo a relação entre a personagem e os elementos naturais para evidenciar a feminilidade e a beleza do amigo. Assim, ele tenta advogar em seu favor, uma vez que, ao se apaixonar pelo suposto jagunço, ele coloca sua virilidade sob suspeita.
Este artigo apresenta uma reflexão acerca dos três amores do personagem Riobaldo na construção do romance Grande sertão: veredas, baseada na mitologia grega e no texto “O banquete” de Platão. Faz-se referência também à obra A divina comédia. Busca-se reconhecer a importância da figura feminina para o desenrolar da narrativa, como se realizam a representação e a composição do feminino no universo do romance a partir de obras clássicas e como se realiza a ascese humana por meio do amor.
Em Guimarães Rosa, a mulher é vista como uma sertaneja ingênua, corajosa, às vezes sensual, valente e traiçoeira como uma serpente. No livro Mulher ao pé da letra, Ruth Silviano Brandão afirma que “[...] o feminino não se representa, é irrepresentável, mas tenta-se escrevê-lo” (BRANDÃO, 2006, p.7). Considerando a representação do feminino na literatura rosiana, o presente artigo recorta os contos Esses Lopes e Estoriinha do livro Tutameia, e busca, de forma comparativa, traçar os perfis das personagens Flausina e Elpídia, as quais estão inseridas em um contexto social predominantemente masculino.
Há leituras que impõem uma escrita, a leitura da obra de Guimarães Rosa, Grande Sertão: Veredas, é uma delas. Partindo da tese de que a psicanálise pode realçar ainda mais a singularidade desta obra - tomando o trabalho intrínseco à própria análise, como comprovando, no real, o que é próprio do trabalho do significante, em sua dimensão de letra, na constituição de um sujeito cujo corpo se decanta de uma travessia -, é que tomamos o texto de Guimarães no que ilustra e expõe na travessia de Riobaldo o que testemunhamos, ou vislumbramos, a cada análise.
As personagens femininas são determinantes na obra de Guimarães Rosa, pois, quando não constituem o eixo em torno do qual gira o protagonista, elas influem de diversas maneiras na condução das personagens masculinas, ampliando ou modificando seus horizontes. Sabendo-se que os traços míticos e arquetípicos, além daqueles advindos da tradição das narrativas orais, destacam-se na configuração das personagens rosianas, tanto masculinas quanto femininas – em geral, auxiliando a construção de aspectos sociais -, investigamos o papel dos mitos e arquétipos na construção de personagens femininas de três narrativas de Corpo de baile: “O recado do morro”, “Dão-lalalão” e “Cara-de-Bronze”. Justifica-se a definição do corpus pelo fato de o presente estudo se tratar da continuidade da pesquisa realizada em nível de graduação, em que foram analisadas as demais novelas dessa obra do escritor, tendo em vista o mesmo tema. Conscientes de que Corpo de baile é obra que mantém coerência interna pelos temas, espaços e personagens, compreendemos, assim, com mais eficiência o cosmo organizado nessa obra de Guimarães Rosa, em relação às personagens femininas. A detecção e análise dos traços mencionados – míticos e arquetípicos – são realizadas por meio da investigação da ação dessas personagens na narrativa, da relação delas com as personagens masculinas e da maneira como outras categorias da narrativa como narrador, focalização, tempo e espaço enformam tais características. Naturalmente, a percepção desses traços advém de conhecimento anterior acerca de mitos e arquétipos femininos. O apoio teórico para o desenvolvimento da pesquisa é constituído de três dimensões: a) ensaios críticos sobre a obra rosiana de modo geral e, especialmente, sobre o tema em pauta, como o de Heloísa Vilhena...