Cartas

MANIFESTAÇÃO DO DEPARTAMENTO DE JORNALISMO E EDITORAÇÃO (CJE/ECA/USP) SOBRE A REESTRUTURAÇÃO DAS CARREIRAS DE COMUNICAÇÃO DA UNIVERSIDADE

São Paulo, 14 de junho de 2017

 

Diante da possibilidade da Universidade de São Paulo reestruturar as atuais funções de nível superior da área de Comunicação em uma função única e genérica, a de analista de comunicação, o Conselho do Departamento de Jornalismo e Editoração (CJE) reitera seu posicionamento CONTRÁRIO à reclassificação das atuais funções de editor e jornalista, existentes no Plano de Classificação de Funções da USP (PCF), as quais poderão ser transformadas em “Especialidades”.

Lembramos que o CJE emitiu manifestação contrária a tal possibilidade/medida em 16 de março de 2016, evidenciando o desenvolvimento histórico de tais profissões, o que explica, por exemplo, porque a atividade de editor de livros é tão diversa da atividade de um editor de publicações jornalísticas, como também profissionais de relações públicas, publicitários, educomunicadores e da área de audiovisual têm papéis sociais tão distintos e que merecem ser reconhecidos pela Universidade na sua máxima independência e especificidade.

No caso do jornalista, profissão regulamentada há décadas, os profissionais precisam ter registro (reconhecimento) no Ministério do Trabalho (MTB).

Tal especificidade histórica foi reconhecida, recentemente, pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Graduação em Jornalismo, publicadas em 2013 pelo Ministério da Educação (MEC). Entre as modificações estabelecidas pelo governo federal, os cursos de Jornalismo deixaram de ser uma habilitação da Comunicação Social. Deixamos, portanto, de ser Bacharelado em Comunicação Social, habilitação em Jornalismo, para sermos Bacharelado em Jornalismo, em reconhecimento ao processo histórico de amadurecimento da profissão, do profissional e de seu lugar na sociedade contemporânea.

Como, portanto, a Universidade de São Paulo, que aprovou, no ano passado, nossa reforma curricular, por meio de sua Pró-Reitoria de Graduação, desvinculando o curso de Jornalismo da área de Comunicação Social, reconhece a especificidade da área de Jornalismo no ensino, mas deixará de reconhecer o jornalista enquanto profissional altamente especializado, atrelando-o a uma função genérica?

Diante do exposto, defendemos que nos debates/reuniões sobre as carreiras de Comunicação, cuja proposta é que fiquem agrupadas em uma área de atuação intitulada Comunicação e Artes, haja a presença de representantes docentes dos demais Departamentos da ECA. Ou que, neste momento de discussão das funções de comunicação, tenhamos, pelo menos, a participação de membros docentes do CTR, CRP e CCA. Aliás, a função de educomunicador sequer está prevista, em uma instituição que possui diversas possibilidades de atuação destes profissionais, caso de seus museus, para ficar apenas em um exemplo.

Como forma de ampliarmos o debate, publicaremos esta manifestação no site do CJE, bem como a enviaremos à CCRH, a Pró-Reitoria de Graduação, a Intercom e a outras entidades relacionadas à temática. E solicitamos à Congregação que esta manifestação seja enviada à Reitoria e a todas as unidades de ensino e pesquisa e de serviços que compõem a nossa Universidade.

Respeitosamente,

 

Departamento de Jornalismo e Editoração (CJE/ECA/USP)