ISSN 2359-5191

11/05/2005 - Ano: 38 - Edição Nº: 06 - Educação - Instituto de Psicologia
Projeto Ser e Fazer discute a eficácia de oficinas psicoterapêuticas

São Paulo (AUN - USP) - Promover a comunicação emocional através de brincadeiras. Há 13 anos o Projeto Ser e Fazer do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo tem levado a sério esse principio. O projeto desenvolve pesquisas-intervencão que utilizam a psicanálise de D.W Winnicott, segundo a qual, através de materialidades mediadoras escolhidas pelo psicólogo, as angústias dos pacientes podem ser contornadas através do brincar, sem o peso de interpretações. A aplicação desse conceito pode ser observada nas oficinas psicoterapêuticas de criação que utilizam cores, flores, papel, tapeçaria e outras materialidades como instrumento de interação com os pacientes.

Na última sexta-feira útil de cada mês, os membros da Ser e Fazer e do NEW - Núcleo de Estudos Winnicottianos de São Paulo promovem reuniões mensais abertas com a finalidade de promover a aproximação e o intercâmbio entre universidade e profissionais que pretendem aperfeiçoar e atualizar seus conhecimentos clínicos por meio do debate de temas relativos aos métodos diferenciados da Clinica winnicotiana.

No último encontro, realizado recentemente, a psicóloga Vera Mencarelli apresentou a palestra: A caminho do adolescer positivo: Uma experiência inovadora de atendimento a jovens HIV (+S) que convidava a uma discussão acerca da eficácia clínica da “Oficina de Pulseirinhas” desenvolvida por ela há cerca de um ano e meio na qual quatro meninas soropositivas confeccionam bijuterias. Mercarelli já realizava um trabalho de apoio psicológico com pacientes soropositivos através da oficina de confecção de velas ornamentais. Segundo ela, a iniciativa de estender o serviço à crianças portadoras do vírus HIV veio de uma demanda familiar por interferência psicológica e do intuito de promover um espaço que pudesse ser suplementar a unidade familiar dessas crianças que se encontra muitas vezes marcada por perdas e privações. Durante a palestra foram apresentados os precedentes e o histórico da oficina com apresentação posterior dos métodos utilizados e de casos de interação entre a psicóloga e a criança.

Como o objetivo do evento era promover a reflexão e o debate, os participantes interviam com perguntas e trocas de experiências clínicas. Ao final da apresentação a psicóloga Jacqueline Barus Michel, professora emérita da Universidade de Paris VII, comentou os métodos utilizados na oficina. Jacqueline afirmou que o ato de produção das bijuterias é importante, mas salientou que o processo da fala deve ser incentivado e quem sabe se a criança se sentisse privilegiada na relação com a terapeuta ela seria estimulada a exteriorizar sua condição e suas angústias. Essa relação de privilegio, segundo a psicóloga também deveria ser acompanhada pela valorização das crianças, ao enfatizar suas qualidades. Seria interessante que esses aspectos também fossem abordados na oficina já que no ambiente familiar eles geralmente não estão presentes. Jacqueline elogiou a iniciativa em suas palavras: “A Oficina apresenta uma relação calorosa e afetiva, oferecendo um espaço que é como uma metáfora de estabilização, substituição e compensação, gerando na criança o sentimento de confiança e tornando-se uma relação familiar”.

A próxima reunião clinica ocorrerá no dia 24 de Junho. Os encontros são abertos a profissionais e interessados que devem inscrever-se através do e-mail eventoserefazer@uol.com.br.

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