ISSN 2359-5191

11/05/2005 - Ano: 38 - Edição Nº: 06 - Saúde - Instituto de Biociências
Satélites ajudam na prevenção de doenças

São Paulo (AUN - USP) - Não é só nas transmissões mundiais de TV, chamadas telefônicas internacionais e previsões meteorológicas que os satélites têm papel fundamental. Recentes pesquisas demonstram que é possível utilizar esses equipamentos também na prevenção de enfermidades. “Todas as doenças que estejam direta ou indiretamente relacionadas ao ambiente natural podem ser estudadas com o uso do sensoriamento remoto”, explica Cristina Aparicio, doutoranda da Universidade de São Paulo.

Desse modo, diversas doenças comuns no Brasil, como malária, febre imaculosa, esquistossomose, dengue e doença de Chagas, podem ser monitoradas a partir desses estudos. Cristina analisou, em seu trabalho de mestrado, imagens de satélites da região de Itapira, São Paulo. Os dados obtidos foram cruzados com os casos de Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) ocorridos na região, observando-se padrões que possibilitam a previsão de zonas de risco para novos casos.

Em sua pesquisa, diversas variáveis foram levadas em consideração. “O objetivo foi analisar a influência da altitude, da densidade de vegetação e do desmatamento nos casos de LTA”. Foram mapeadas zonas de risco de contato entre o homem e o mosquito transmissor, em distâncias de 250, 500 e mil metros a partir dos habitats do inseto. Alguns dos resultados concordam com pesquisas anteriores, uma vez que a maioria dos casos ocorreu em uma altitude menor que 750 metros e próximo a áreas de vegetação densa. Por outro lado, alguns resultados inesperados foram obtidos. Notou-se uma dispersão do inseto para áreas maiores que 250 metros a partir da mata, o que pode indicar a ocorrência de um processo de domiciliação do mosquito transmissor. Embora os resultados obtidos sejam válidos apenas para a região estudada, a pesquisadora explica que a metodologia utilizada pode ser estendida a outros locais.

A epidemiologia paisagística

Os estudos de Cristina vêm fortalecer uma ciência relativamente nova no Brasil, mas muito desenvolvido em outros países: a epidemiologia paisagística. Esta é uma área interdisciplinar que engloba parte da biologia, da geografia e da saúde pública. Seu objeto de estudo é a relação dos dados qualitativos e quantitativos de doenças e do ambiente em que ocorrem.

No desenvolvimento de seu mestrado, a pesquisadora contou com a parceria da Sucen (Superintendência de Controle de Endemias), que lhe forneceu os dados de incidência da LTA em Itapira e imagens dos satélite norte-americano Landsat 7. Assim, pode compará-las a outras imagens adquiridas anteriormente do satélite Landsat 5, acompanhando a situação da região em 1992 e 1999.

Apesar de sua grande importância, pesquisadores brasileiros enfrentam dificuldades para desenvolver seus estudos nessa área. “As imagens de alta resolução espacial, como as do satélite Ikonos, ainda tem um custo bastante elevado”, explica Cristina. Entretanto, o recente lançamento do satélite CBERS-2, numa parceria do governo brasileiro com a China, abre novas perspectivas. “Suas imagens já estão disponíveis gratuitamente na página do Inpe e têm uma resolução espacial de vinte metros, suficiente para permitir estudos em áreas de grande extensão”. Esse avanço tecnológico impulsionará diversas pesquisas, representando uma melhora da qualidade de vida da população.

Leia também...
Agência Universitária de Notícias

ISSN 2359-5191

Universidade de São Paulo
Vice-Reitor: Vahan Agopyan
Escola de Comunicações e Artes
Departamento de Jornalismo e Editoração
Chefe Suplente: Ciro Marcondes Filho
Professores Responsáveis
Repórteres
Alunos do curso de Jornalismo da ECA/USP
Editora de Conteúdo
Web Designer
Contato: aun@usp.br