ISSN 2359-5191

30/06/2005 - Ano: 38 - Edição Nº: 13 - Sociedade - Instituto de Psicologia
Pesquisa procura saber como os adolescentes encaram o tema da morte

São Paulo (AUN - USP) - Quando um adolescente morre, toda a estrutura familiar se abala e todos os projetos sonhados para aquele jovem tornam-se obsoletos .Mas como o adolescente encara a morte? Foi esse o questionamento colocado pela mestranda de Psicologia da USP, Cláudia Fernanda Rodriguez, que propôs uma reflexão sobre como os adolescentes se relacionam com este assunto através da análise de seus depoimentos.

Rodriguez investigou como os jovens discutem a morte com a família, amigos, profissionais e como eles explicam as altas taxas de mortalidade em sua faixa etária. Esses últimos dados foram um dos fatores considerados importantes nessa reflexão, sendo as mortes nessa faixa etária resultantes principalmente de acidentes e mortes violentas.Adicionando-se a esses fatores está o caráter aventureiro dos adolescentes que associam viver a vida intensamente com comportamentos de risco.

Segundo Rodriguez: “Adolescentes já sabem o que pode provocar a morte e que é irreversível, mas às vezes, parece que preferem ignorá-la realizando ações arriscadas que buscam reafirmar o quanto são poderosos”.

Os próprios adolescentes apontaram como hipóteses sobre os índices alarmantes, o uso de drogas,violência, AIDS, falta de emprego e perspectivas de futuro, falta de comunicação com familiares, falta de imposição de limites, entre outros.

Participaram da pesquisa jovens de duas escolas de São Paulo, uma particular e uma pública, do Ensino Fundamental e Médio. Os dados foram obtidos através da realização de grupos temáticos com os adolescentes, entrevistas individuais realizadas com os profissionais de educação e da exibição de um vídeo Falando de morte com o adolescente. O vídeo faz parte do projeto Falando de Morte, integrante do Laboratório de Estudos sobre a Morte do Departamento de Psicologia da Aprendizagem, cujo objetivo é propiciar formas de comunicação importantes sobre o assunto,com a utilização de livros e filmes, criando um espaço que facilite a abordagem entre todas as faixas etárias.

Os dados colhidos apontam uma dificuldade em pensar na possibilidade da perda de entes queridos e o fato dos adolescentes não perceberem a morte como uma possibilidade pessoal, o que é exteriorizado na forma de sentimentos de onipotência e imortalidade.A presença dos amigos é importante fonte de apoio na hora de expressarem sentimentos de tristeza diante da morte de amigos também jovens, pois há um processo de identificação.

Além dos adolescentes, profissionais de educação também refletiram sobre como a escola se coloca como um espaço que possibilita a discussão sobre o tema, especialmente entre os próprios profissionais e os alunos.

A pesquisa procura fomentar e incentivar uma busca por meios de aperfeiçoar a comunicação com os jovens, de dialogar e perguntar a eles o que eles consideram importe e o que anseiam: “Busquei discutir alguns caminhos para que educadores ofereçam aos jovens instrumentos necessários para expressão de pensamentos e necessidades em relação ao tema da morte e comportamentos autodestrutivos” conclui Rodriguez.

A dissertação faz parte do Programa de Pós-Graduação em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano do Instituto de Psicologia da USP e foi defendida em maio de 2005.

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