ISSN 2359-5191

03/05/2002 - Ano: 35 - Edição Nº: 06 - Saúde - Faculdade de Medicina
Medicina estuda áreas do sistema nervoso responsáveis pelo sonho

São Paulo (AUN - USP) - O médico César Timo-Iaria, professor titular de Fisiologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, tem uma longa história de estudos na área do sono. Nos anos 50 ele foi um dos primeiros a trabalhar com distúrbios do sono. Já em 63 ele investigou os locais do sistema nervoso em que o sono era gerado. Na década de 70, seu grupo descreveu todas as fases do sono dos ratos, quando descobriu as grandes semelhanças entre essas fases e as do homem. Atualmente pesquisa as áreas do sistema nervoso em que o sonho é gerado. “Hoje nós continuamos a trabalhar nesse campo, mas agora nós estamos focalizando com muito destaque os sonhos, a atividade onírica do animal”, acrescenta.

O sono é um dos estados do ciclo de vigília-sono. O sono humano normalmente é composto de quatro a seis ciclos de cerca de 90 minutos por noite. Já os sonhos ocorrem durante o sono, e obedecem a alguns mecanismos até certo ponto semelhantes aos do estado vigil, quando a pessoa ainda está acordada. Sempre que um indivíduo dorme ele sonha, mas se não acordar durante os momentos de sonho, ou até dez minutos depois, não conseguirá reter memórias desses sonhos e esquecerá seu conteúdo.

Para sua pesquisa, o grupo de Timo-Iaria escolheu usar principalmente ratos porque estes animais têm hábitos noturnos, o que possibilita trabalhar durante todo o dia com o roedor dormindo. Seu método de pesquisa consiste em analisar os movimentos dos animais enquanto dormem. Aristóteles, há mais de 2 milênios atrás, já utilizou esse princípio e escreveu um livro sobre sono, no qual, entre outros fatos, provou pela analise dos movimentos das abelhas que elas dormiam. Quando um ser humano sonha, seus olhos realizam movimentos para acompanhar o sonho, assim como sua boca, sua língua e outras partes do corpo. Já o rato, que usa pouco a visão mas possui um olfato muito desenvolvido, tem sonhos geralmente com componentes olfativos. Por meio de registros elétricos é possível determinar fatores do sonho desses animais, como a distância imaginária do que o roedor está cheirando enquanto sonha. Também é possível determinar quando o animal começa a sonhar, comparando os resultados da análise dos eletroscilogramas (que medem os potenciais elétricos em determinadas áreas do cérebro) e dos movimentos dos animais.

A equipe da Faculdade de Medicina também pesquisa quais partes do sistema nervoso dormem. “Em geral, se admite que o que dorme é só o córtex cerebral, e nós estamos provando que quase todo o sistema nervoso dorme, até a medula espinhal”, explica ele. Como o sono é um processo ativo, em que o sistema nervoso não é desligado totalmente, algumas áreas são parcialmente desligadas. Isso pode ser provado quando notamos que certos ruídos podem acordar um indivíduo, se seu sistema nervoso considerar que são alarmantes (como o rangido de uma porta), enquanto outros não o despertarão (pessoas que moram perto de aeroportos, por exemplo, não acordam com o barulho das turbinas porque já estão acostumadas).

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