São Paulo (AUN - USP) - Aula de Biologia. O aluno quer saber como age um leucócito, célula do sangue que faz parte do sistema imunológico. O professor se desdobra para desenhar no quadro negro a exótica célula em ação, sem sucesso. Muitos não sabem, mas esta cena para lá de comum nas escolas pode estar com seus dias contados. Estudantes e curiosos em geral poderão agora ver isto e outras coisas mais no Museu de Microbiologia do Instituto Butantan.
"O que é um vírus? Vírus não se vê nem em microscópio óptico. Então, é interessante você ver que cara tem, a gente tem muita curiosidade", diz a professora Milene Tino De Franco, pesquisadora do Laboratório de Imuno-Genética e também diretora do museu.
Primeiro do gênero no Brasil e dono de uma arquitetura arrojada e moderna, assinada por Márcio Kogan, o museu tem entrada gratuita e é aberto ao público em geral. Lá, o visitante encontra maquetes acompanhadas de painéis explicativos, cujos textos foram elaborados pelo corpo científico do museu. Um vídeo didático mostra como é a estrutura de uma molécula de DNA. Fotos de pesquisadores ilustres do passado, equipamentos de laboratórios antigos e textos com a história da microbiologia também fazem parte do acervo disponível. A sala de projeção de filmes entrará em funcionamento em breve, segundo Milene.
O mais interessante, porém, é um laboratório de pesquisa que poderá ser utilizado por estudantes do Ensino Médio, devidamente monitorados pelos seus professores. Lá, eles ganharão um kit que possibilita a realização de várias experiências. As escolas públicas poderão fazer a visita gratuitamente, enquanto as particulares pagarão uma taxa pelo kit, que, aliás, será reciclado constantemente. Como o laboratório não comporta um número muito grande de alunos, o kit poderá ser levado pelos estudantes para que eles reproduzam algumas das experiências nas suas escolas, compartilhando-as assim com os colegas que não puderam estar no laboratório do museu. "O intuito disso também é capacitar o professor que vem junto, para que ele desperte nos alunos o interesse pela microbiologia, através de experiências simples, fáceis de fazer, com coisas domésticas", informa a diretora.
Segundo Milene, o projeto surgiu de uma conversa entre o presidente da Fundação Butantan, Isaías Raw, e pesquisadores do Laboratório Aventis-Pasteur, há cerca de um ano e meio, numa reunião em Paris. De lá para cá, a idéia foi trabalhada e deu origem ao museu, que contou com o financiamento do Laboratório Aventis-Pasteur, da Fundação Butantan, da Fundação Vitae e da Fapesp.
Localizado no próprio Instituto (Avenida Vital Brasil, 1500), o museu abre de segunda à sexta, das 9:00h às 16:30 horas. Futuramente, estará aberto também nos fins de semana, com exceção do laboratório. "Vale a pena conhecer", diz Milene.