ISSN 2359-5191

03/05/2002 - Ano: 35 - Edição Nº: 06 - Meio Ambiente - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz
Pesquisa desenvolve método de monitoramento de praga dos laranjais

Piracicaba (AUN - USP) - Uma armadilha para tornar mais eficaz o controle do bicho-furão, uma paga que atinge os laranjais e causa perdas da ordem de 50 milhões de dólares por ano só no estado de São Paulo já está disponível no mercado. A nova medida contra esse tipo de mariposa foi desenvolvida pelo professor José Roberto Parra e equipe, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da USP - financiado pelo Fundecitrus (Fundo Paulista de Defesa da Citricultura) - além das Universidades Federal de Viçosa e de Davis, na Califórnia.

Trata-se de uma "casinha" de papelão com interior revestido por cola que deve ser pendurada na parte alta das árvores, onde os insetos, atraídos pelo feromônio contido em uma pastilha, devem ficar retidos. Essa substância química, ligada à função do acasalamento, é produzida pela fêmea do inseto e foi sintetizada para ser usada no dispositivo, que deve ser colocado a cada dez hectares da plantação.

O papel do agricultor é o de verificar a quantidade de insetos recolhida a cada semana, a fim de saber exatamente qual a área afetada e o momento de começar o controle - quando a praga ainda está no início e os seus efeitos de apodrecimento e queda dos frutos ainda não foram notados. Segundo o professor Parra, "no passado, você fazia controle indiscriminadamente, não queria saber se a praga estava presente ou não. Hoje existe uma preocupação muito grande com o meio ambiente e em gerar produtos de qualidade. Hoje, para a exportação, exige-se o que se chama de produção integrada, o que significa a menor utilização possível de produtos químicos".

Com o correto acompanhamento, o bicho-furão pode ser eliminado por controle biológico, visto que pode ser usado o Bacilus thuringiensis, um tipo de bactéria. Contudo, alerta Parra, "se o monitoramento não for feito, o agricultor terá de apelar ao agrotóxico, nem sempre com sucesso, pois essa praga tem a característica de se proliferar muito rapidamente no pomar".

Embora de simples utilização, o professor atenta para o nível em geral baixo de informação dos agricultores, que é uma dificuldade a ser enfrentada para que o produto alcance o campo. "Como o indivíduo está acostumado a aplicar inseticida, ele vai precisar de uma conscientização, de um treinamento, de um serviço de extensão muito grande. E, embora estejamos na faculdade, nós temos feito esse serviço de extensão junto ao agricultor: temos feito muitas palestras, muitas conversas de campo, para demonstrar o que deve ser feito e como". Com a superação desse tipo de obstáculo, a pesquisa pode ser considerada uma exceção, pois apenas quatro anos após seu início chegou ao agricultor e esse prazo foi alongado porque o processo de registro do produto junto ao Ministério da Agricultura demorou dois anos para ser concluído.

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